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Estaleiros de Viana: política do governo envergonha o país

Bloco de Esquerda avança com proposta de reestruturação conduzida por uma comissão fora da alçada do ministério da Defesa. João Semedo acusa o governo de querer "despachar" os atuais 620 trabalhadores.
A comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo exige o afastamento de Aguiar-Branco da gestão deste processo, acusando o ministro da Defesa de vender a empresa sem nunca a ter visitado. Foto de Rádio Geice

Depois de uma reunião com os trabalhadores dos estaleiros de Viana do Castelo, o coordenador do Bloco de Esquerda João Semedo anunciou nesta sexta-feira que o partido vai apresentar um projeto de resolução na Assembleia da República para que seja elaborado um plano de reestruturação dos estaleiros, mas conduzido por uma comissão fora da alçada do ministério da Defesa, conforme reclamam os trabalhadores.

"O ministro da Defesa quer fechar os estaleiros. Se os trabalhadores querem recuperar os estaleiros é evidente que não podem aceitar que seja o ministro da Defesa que vá fazer o contrário da sua vontade", afirmou João Semedo.

Na última sexta-feira, a comissão de trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo exigiu o afastamento de Aguiar-Branco da gestão deste processo, acusando o ministro da Defesa de vender a empresa sem nunca a ter visitado.

O processo de reestruturação defendido pelo Bloco prevê a constituição de uma comissão técnica especializada e especialmente constituída para o efeito, que seria responsável por elaborar um plano de reestruturação dos estaleiros e avaliar a sua viabilidade. Para João Semedo, a forma como o governo tem conduzido o atual processo envergonha o país.

Governo quer "despachar" os atuais 620 trabalhadores

Para o deputado e coordenador do Bloco, a ideia de subconcessão dos terrenos dos estaleiros, anunciada por Aguiar-Branco como alternativa ao encerramento do processo de reprivatização da empresa, representa a intenção do governo de "despachar" os atuais 620 trabalhadores, "encontrando na venda de alguns materiais que são propriedade dos estaleiros o financiamento necessário às indemnizações dos trabalhadores. É isso que o governo tem em mente", afirmou, contrapondo com a intenção do Bloco de manter a empresa sob alçada do Estado.

O governo justifica o encerramento dos estaleiros e o lançamento desta subconcessão dos terrenos com a investigação lançada pelas autoridades da concorrência da Comissão Europeia que identificaram 181 milhões de euros de ajudas públicas consideradas ilegais à luz das regras comunitárias, atribuídas entre 2006 e 2011.

Ora o Bloco não aceita estas regras, até porque a sua aplicação, em função dos países em causa, tem tido diferentes interpretações. "Não reconhecemos legitimidade à União Europeia para proibir o Estado português de investir nas suas próprias empresas", disse Semedo.

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