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Alta corrupção em Espanha convive com dolorosa austeridade

Provas de corrupção em alta escala atingem o governo direitista e a casa real de Espanha numa altura em que o chefe do executivo, Mariano Rajoy, se prepara para anunciar mais um plano de austeridade contra a população com o objetivo de atingir as metas do défice impostas por Berlim e as instituições europeias.

As autoridades espanholas confirmaram as revelações feitas pelo jornal El País segundo as quais os documentos do ex-tesoureiro do Partido Popular, no governo, registam financiamentos ilegais entregues por empresários e empresas entre 1990 e 2008. As provas juntam-se aos resultados dos testes caligráficos que confirmaram a letra do ex-tesoureiro, Luís Barcenas, nos documentos em causa. Nem o governo do pós-franquista Mariano Rajoy nem os empresários contactados pelo jornal deram explicações sobre o assunto. Um empresário colocou o jornal em tribunal por ter publicado o seu nome.

As certezas das autoridades quanto ao escândalo de financiamento ilegal do partido do governo decorrem do cruzamento dos documentos de Barcenas com os dados registados na contabilidade do partido. As novas informações serão integradas no processo já em mãos de um juiz.

Segundo o El Pais, as anotações feitas nos cadernos do ex-tesoureiro dão conta de donativos de empresas e empresários num total à volta de sete milhões de euros entre 1990 e 1993 e 1996 e 2008. Mais de 70 por cento dos donativos foram superiores a 60 mil euros, o máximo permitido pela lei de financiamento dos partidos. As anotações estão inseridas numa contabilidade secreta elaborada pelo ex-tesoureiro, existente para esconder os donativos ilegais agora detetados.

A imprensa espanhola revela entretanto o nome do advogado indicado pela infanta Cristina, filha do rei, para a defenderem no processo que lhe foi aberto por presumível implicação nos negócios ilícitos do seu marido, o antigo atleta olímpico Iñaki Urdangarin, acusado de desvio de fundos públicos. Trata-se de Miguel Roca, um dos "pais da Constituição", um "advogado sério, de prestígio, da maior confiança do rei", segundo fontes citadas pela comunicação social. O casal vai ter assim advogados separados uma vez que a estratégia de defesa do advogado de Undargarin, segundo a imprensa, desagradou à casa real.

As denúncias da corrupção que atinge os setores mais elevados do poder em Espanha coincidem com o momento em que Mariano Rajoy se prepara para impor mais um pacote de austeridade aos espanhóis, enquanto o desemprego continua a aumentar e os salários a diminuir. O governo insiste em a pedir às instituições de Bruxelas que "flexibilizem" a meta do défice para este ano, fixada em 4,5 por cento.

Artigo publicado no portal do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu

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