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Coordenadores bloquistas defendem renegociação da dívida em Bruxelas

João Semedo e Catarina Martins reuniram esta quarta-feira com os eurodeputados da Esquerda Unitária (GUE/NGL) para propor uma resposta europeia diferente da que tem levado ao "colapso económico" dos países em dificuldades, tornando-os "escravos da dívida". Renegociar e anular parcialmente a dívida é a única forma de promover a economia com políticas de emprego, defendem.
Foto Paulete Matos

O primeiro encontro dos coordenadores do Bloco de Esquerda em Bruxelas foi com a eurodeputada alemã Gabi Zimmer, que preside ao GUE/NGL, o grupo onde têm assento as eurodeputadas do Bloco de Esquerda Marisa Matias e Alda Sousa. Seguiu-se uma reunião com os restantes eurodeputados onde abordaram a situação portuguesa e europeia.

Em declarações à imprensa, João Semedo defendeu que a atual resposta europeia aos países em dificuldades "está muito aquém das necessidades" e é uma política "que insiste na austeridade que tem levado ao colapso económico e a milhões de desempregados em toda a Europa". Em alternativa, o Bloco defende "soluções nacionais para resolver o problema do país, mas também uma nova política europeia que faça dos Estados não os escravos da sua dívida, mas que os liberte da dívida através de processos de renegociação, nomeadamente que contribuam para a anulação parcial dessas dívidas", acrescentou Semedo. "Só assim é que esses países poderão promover a sua economia e ter políticas de emprego", concluiu.

"A solução é renegociar a dívida. Há muito tempo que o dizemos e desde então não encontramos solução melhor. Portugal não tem possibilidades de pagar esta dívida. Não há outra solução para os credores e para os devedores que não seja anular parcialmente o valor da dívida", insistiu o coordenador bloquista no encontro desta quarta-feira em Bruxelas.

"Pressões de Schäuble são intoleráveis"

Questionada sobre o chumbo do Tribunal Constitucional (TC) e a reação dos responsáveis europeus, Catarina Martins considerou que "é completamente intolerável que o ministro das finanças alemão ache bem fazer qualquer tipo de pressão ou apreciação sobre o ordem constitucional em Portugal. É inaceitável que a Comissão Europeia e o eurogrupo façam esse discurso". E acrescentou que "ninguém perceberia em nenhum país da Europa que se diga a outro que não deve cumprir a sua Constituição". 

Para Catarina Martins, "as medidas que o Governo está a aplicar conduzem inevitavelmente à bancarrota" e basta fazer as contas aos últimos dois anos para o perceber: "ele já impôs medidas de austeridade ao país de 24 mil milhões de euros para uma consolidação orçamental de pouco mais de 6 mil milhões. Ou seja, há 17 mil milhões de euros que desapareceram da economia portuguesa, que nos tornaram mais frágeis e mais incapazes de pagar uma dívida que cresce ao mesmo tempo que o PIB recuou". 

A coordenadora bloquista conclui que "o caminho da austeridade não nos tem aproximado da saída da crise nem do pagamento de qualquer dívida, apenas estamos mais próximos da bancarrota" e que "não há nenhuma remodelação que seja capaz de esconder a falência deste Governo".

Ainda sobre o chumbo do TC, João Semedo alertou para uma "campanha de intoxicação da opinião pública" sustentada em "duas mentiras": a primeira é que a libertação da próxima tranche do financiamento da troika esteja comprometida pela decisão do TC. E a segunda é que o acórdão do TC vá prejudicar as negociações entre o Governo e a troika visando o alargamento dos prazos de pagamento. "Esta dupla falsificação tem por objetivo impor novas medidas de austeridade e também um segundo resgate que o Governo português nega, mas que está em negociação com a troika", acusa João Semedo.

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