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"Este não é um tempo de birras nem de chantagens"

“Tentar fazer parecer agora que o programa de sempre do Governo de corte nas funções sociais do Estado e de despedimentos na Função Pública é culpa do Tribunal Constitucional é uma mentira colossal que está aos olhos de todos”, afirmou a coordenadora do Bloco de Esquerda durante a conferência de imprensa que teve lugar este domingo.
Foto de Paulete Matos.

“As declarações que o primeiro ministro acabou [ler artigo "Governo anuncia 'medidas de forte contenção da despesa pública'] de fazer ao país demonstram uma total irresponsabilidade e falta de sentido de Estado”, afirmou Catarina Martins, sublinhando que é “inaceitável que Passos Coelho diga que vai respeitar a decisão do tribunal Constitucional (TC) e ao mesmo tempo faça um discurso em que tenta culpar o TC pela crise que o nosso país vive”.

A coordenadora do Bloco de Esquerda frisou que “não foi o TC que criou a crise em que o país vive. Não foi o TC que aprofundou a recessão, que gerou um desemprego que não pára de crescer e que fez também aumentar a dívida e ter um défice totalmente descontrolado”.

“Se hoje um em cada cinco portugueses estão no desemprego, não é culpa do Tribunal Constitucional, mas sim da política desastrosa do Governo”, lembrou a dirigente bloquista.

Por outro lado, Catarina Martins deixou claro que “a decisão do TC em nada fragiliza a situação do nosso país face às entidades internacionais, muito pelo contrário”. “Portugal é um país democrático, é um Estado de Direito com uma ordem constitucional que tem de ser respeitada. E a exigência por esse respeito dá ao Governo possibilidade de exigir melhores condições no campo internacional para o nosso país. E era isso que o Governo devia estar a fazer, a utilizar aquilo que são as exigências da democracia do seu país e não a chantagear o país com as exigências das entidades internacionais”, adiantou a deputada do Bloco.

Catarina Martins referiu também que “é importante que lembremos que o Governo anunciou já há muito a sua intenção de cortar 4 mil milhões de euros no Estado Social e de fazer despedimentos em massa na Função Pública”. “Tentar fazer parecer agora que o programa de sempre do Governo de corte nas funções sociais do Estado e de despedimentos na Função Pública é culpa do Tribunal Constitucional é uma mentira colossal que está aos olhos de todos”, acusou.

“O que temos hoje é um Governo que não tem soluções para o país e que aposta tudo na chantagem e nas desculpas. Em 2012, com a desculpa do TC, o Governo aumentou impostos. Em 2013, tenta utilizar a mesma desculpa para impor o plano de cortes de 4 mil milhões de euros no Estado Social e despedimentos de funcionários públicos que, na realidade, já tinha anunciado, já estava no seu programa e que já todos conhecíamos. Tenta ainda, nas suas declarações, utilizar o TC para um segundo resgate que parece já estar a negociar quando fala nas renegociações que estarão em curso”, afirmou a coordenadora do Bloco.

“O Governo demonstra a sua total incapacidade para lidar com a crise do país, para lidar com as entidades internacionais, para ter qualquer saída para o buraco em que nos encontramos”, defendeu a dirigente bloquista, sublinhando que “este não é um tempo de birras nem de chantagens e muito menos de desculpas. É um tempo de soluções. É, portanto, o tempo de termos eleições para que o povo português possa escolher o seu destino".

“O Bloco de Esquerda estará empenhado na construção de um Governo de Esquerda que tenha força junto das entidades internacionais, que seja forte com quem deve ser para exigir uma renegociação da dívida e das condições que permitam o crescimento económico do país e permitam sair da crise. É nesse combate que estamos e não aceitamos, de forma alguma, esta chantagem do Governo”, garantiu, rematando que “o Presidente da República, se quisesse assumir as suas responsabilidades, devia dissolver a Assembleia da República e convocar eleições”. “É a única forma de construirmos soluções para o país”, frisou.

Catarina Martins: "Este não é um tempo de birras nem de chantagens"

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