Os grandes depositantes no Banco do Chipre receberam más notícias este sábado: em vez dos 40% de confisco dos depósitos a partir de 100 mil euros, muito provavelmente essa percentagem irá subir a 60%. Numa fase inicial, 37,5% desse montante será convertido em ações do banco, com valor residual. Mas se dentro de três meses o Banco do Chipre precisar de uma nova recapitalização, como tudo indica que sim, irá fazer o mesmo a mais 22,5% dos depósitos acima de 100 mil euros, que ficam desde já congelados à espera da decisão. Até lá continuarão os limites à movimentação de capitais, levantamentos multibanco e uso de cartões de crédito.
A reestruturação do Banco do Chipre acompanha a liquidação do Banco Popular, cujos clientes com menos de cem mil euros depositados serão integrados no Banco do Chipre, no âmbito do acordo com a troika.
Schäuble: "Chipre terá de atravessar um longo e doloroso período de ajustamento"
Em entrevista ao jornal alemão Bild, o ministro das Finanças de Angela Merkel contradisse o presidente do Eurogrupo e seu homólogo holandês, Jeroen Dijsselbloem, que esta semana tinha apontado o confisco aos depositantes do Chipre como um modelo a seguir nas próximas crises. Wolfgang Schäuble prefere não antecipar cenários, dizendo que "os depósitos na Europa estão a salvo" e que "o Chipre é e continuará a ser um caso especial".
O otimismo de Schäuble fica bem patente ao dizer-se convencido que o Chipre irá devolver completamente o dinheiro agora emprestado pela troika, mas a Alemanha impõe uma condição: "o Chipre terá de atravessar um longo e doloroso período de ajustamento". Se para a generalidade dos observadores, a resposta europeia à crise da banca cipriota foi pouco menos que caótica, o ministro alemão das Finanças acha precisamente o contrário e diz mesmo que ela prova que "somos suficientemente fortes para manter todos a bordo do euro".
A prova disso, segundo Schäuble, é que "a turbulência de Chipre não teve nenhum impacto nos outros países do Sul da Europa" e que isso demonstra que "os mercados financeiros viram que agora estamos melhor preparados". "Acho que um dia ainda vamos ler nos livros de História que esta crise conseguiu que a Europa se unisse ainda mais. É uma época muito feliz para o continente", rematou o homem forte do governo de Merkel.