O ministro dos Negócios Estrangeiros de Luxemburgo, Jean Asselborn, acusou a Alemanha de estar a lutar pela hegemonia na zona euro ao querer ditar ao Chipre o seu modelo económico. “A Alemanha não tem o direito de decidir sobre o modelo económico de outros países da União Europeia”, disse à agência Reuters. E prosseguiu: “Não pode ser que sob a cobertura de questões técnicas financeiras se sufoquem outros países.” Para o ministro luxemburguês, país fundador da União Europeia, “não pode ser que a Alemanha, a França e a Grã-Bretanha digam 'precisamos de centros financeiros nestes três grandes países, e os outros devem parar'”, acusou, acrescentando que a “disputa da hegemonia é errada e anti-europeia”.
Economista-chefe do Deutsche Bank adverte Luxemburgo
Thomas Meyer, economista-chefe do Deutsche Bank, alertou para os perigos que representam os setores financeiros hiperdimensionados, e alertou que "mesmo sob a melhor supervisão, os bancos podem entrar em sarilhos, e se o Estado é demasiado pequeno em relação ao setor bancário, o Estado vai à bancarrota". E sublinhou que Luxemburgo e Malta devem aprender com a crise de Chipre.
As comparações entre Chipre e Luxemburgo estão a deixar nervosas as autoridades luxemburguesas. O setor financeiro do Chipre representa sete vezes o PIB do país; mas o do Luxemburgo representa 22 vezes o PIB do país.
Num comunicado oficial, o governo de Jean-Claude Juncker diz estar preocupado com as comparações entre “setores financeiros internacionais na zona euro e pelas reflexões sobre o tamanho de um setor financeiro relativamente ao Produto Interno Bruto de um país, e sobre os alegados riscos que isso acarretaria para a sustentabilidadeorçamental e económica”.
No que respeita ao setor financeiro do Luxemburgo, prossegue o comunicado, “há que sublinhar o seu caráter fundamentalmente internacional no seio da zona euro, o que faz dele um ponto de entrada importante para os investimentos na zona”.
Segredo bancário
Pressionado pelos restantes membros da União Europeia, o governo luxemburguês decidiu em 2011 levantar o segredo bancário, mas a troca de informações com as autoridades fiscais de outros países apenas se faz caso a caso e não de maneira automática, como pretendiam os parceiros europeus.
O Luxemburgo é sede de 140 subsidiárias de bancos e de companhias de seguros de mais de 20 países.