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O esforço de uma geração?

O que fez esta geração, e o povo em geral, para ter de fazer este esforço? Este esforço que nos tem roubado a dignidade enquanto cidadãos, que nos tem atirado para o desemprego e para a precariedade, que nos tem oferecido nada mais do que serviços públicos em degradação, dificuldades no acesso à saúde, à educação e aos bens essenciais! Texto de Pedro Ferreira

Na passada sexta-feira, o ministro das finanças Vítor Gaspar foi mais uma vez o anunciante, com a lentidão habitual, daquilo que tem sido apelidado de ajuste orçamental! Ajuste esse, que faz com que nada fique ajustado, e o mesmo ajuste que continua a desajustar, tanto as contas das imensas famílias portuguesas, como também o futuro dos jovens neste país.

Fez o típico “replay” à mesma cassete que todos já conhecemos. Mostrou-se triunfante com aquilo a que eles chamam de bons resultados! Tendo conhecimento dos números alarmantes do desemprego, da emigração e do consumo das famílias, qualquer português entende que vemos tudo menos bons resultados. E agora vangloriam-se com o dito triunfo de ter consigo mais um ano para cumprir a meta do défice. E a minha pergunta é bastante simples: como é que estão a planear concretizar isso com as mesmas políticas?! Fica a pergunta! Continuamos a assistir enquanto o governo, fechado com os saqueadores internacionais, ditam o nosso futuro. Desde os seus jogos de adivinhas acerca do ano da inversão da recessão até ao seu famoso passatempo, passatempo esse que consiste em escolher setores de evolução social e de máxima importância para o país e simplesmente destrui-los! Porque razão havemos nós de compactuar com isto? Compactuar com a extorsão do fruto do nosso trabalho, compactuar com a destruição do estado social e tudo para responder à banca e à finança internacional. Está na hora de dizer basta, em nome da dignidade e do futuro.

Posto isto, gostaria de partilhar a frase que mais me indignou e me levou a escrever este texto, frase essa que nos diz: O ajustamento orçamental é o “ esforço de uma geração”.

Pergunto-vos, o que fez esta geração, e o povo em geral, para ter de fazer este esforço? Este esforço que nos tem roubado a dignidade enquanto cidadãos, que nos tem atirado para o desemprego e para a precariedade, que nos tem oferecido nada mais do que serviços públicos em degradação, dificuldades no acesso à saúde, à educação e aos bens essenciais! Como podemos ser confrontados com afirmações destas e simplesmente compactuar? Nada fizemos para merecer isto! Não fomos nós, o povo, que vivemos acima das nossas possibilidades, foram os bancos, foram os privados que lucraram com esta teia de interesses económicos, e que consequentemente nos atiraram para a situação em que nos encontramos. Na nossa vida, ninguém quer ser culpado pelos erros alheios, está na nossa natureza lutar contra as injustiças, e isto que vos exponho não é diferente, não podemos ser os culpados pelos erros da burguesia atrasada que comanda este país.

Pergunto ao leitor, que futuro tem este país? Que futuro existe para a juventude qualificada e que se está a qualificar? Que futuro existe depois de gastar imenso dinheiro em propinas para tirar um curso? A resposta é simples, sem luta, simplesmente não existe! Temos perante os nossos olhos a destruição de um país, levada a cabo por meros esclavagistas que no fim, quando tudo estiver destruído, eles vão ter os seus lugares nas grandes empresas e vão continuar a ganhar milhares de euros, enquanto nós continuamos a lutar para sobreviver mais um mês.

Deixo o leitor com um apelo, e o meu apelo é simples, o esforço tem de ser feito, mas não é para emendar os erros destes desqualificados. O esforço ao qual apelo é para que nenhum de nós se resigne perante este crime que estão a fazer ao povo português! O esforço para lutar e para combater este desastre que nos rouba a dignidade e a qualidade de vida! O esforço para nunca desistir perante as adversidades que nos impõem. Basta de acreditar no discurso da inevitabilidade! Vamos esforçar-nos para que este país, e consequentemente, as nossas vidas, voltem a ter um rumo, um futuro e a dignidade merecida.

Texto de Pedro Ferreira - Estudante do Secundário de Aveiro

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