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ONU: Portugal sofre a maior queda no Índice de Desenvolvimento Humano

No relatório divulgado esta quinta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, entre os 187 países analisados é Portugal que regista a maior queda no índice que tem em conta a esperança de vida, o rendimento e a escolaridade.
Depois de quatro décadas a subir na escala do desenvolvimento humano, Portugal foi o país que teve a maior queda em 2012. Foto Paulete Matos.

O relatório do PNUD foi apresentado na Cidade do México e intitula-se “A Ascensão do Sul: Progresso Humano num Mundo Diversificado”, uma ascensão que "não tem precedentes, nem em ritmo, nem em dimensão". O relatório sublinha os "rápidos avanços em alguns dos países de maior dimensão, nomeadamente o Brasil, China, Índia, Indonésia, México, África do Sul e Turquia" e prevê que em apenas um século (de 1950 a 2050) o Produti Interno Bruto do Brasil China e India passarão de 10% do PIB mundial para 40%, "superando de longe as previsões para o produto combinado do atual G-7".

Quanto à evolução do Índice de Desenvolvimento Humano, que não tem apenas em conta o produto e o rendimento, mas também a esperança de vida e a escolaridade da população, as Nações Unidas estão otimistas ao verificarem que "o ritmo de progresso do IDH foi mais rápido nos países que se situam nas categorias baixa e média do desenvolvimento humano. Trata-se de uma boa notícia", afirma o relatório, embora assinale que "não será desejável, nem sustentável, que os progressos no IDH sejam acompanhados pelo aumento das desigualdades de rendimento, padrões insustentáveis de consumo, despesas militares elevadas e uma fraca coesão social". 

"Como foi possível a tantos países do Sul mudar as suas perspetivas em matéria de desenvolvimento humano?", questiona a dada altura o relatório da ONU, apontando três fatores para explicar essa evolução: "um Estado pró-ativo no domínio do desenvolvimento; a exploração de mercados mundiais e uma aposta numa política social inovadora". No entender do relatório, estes fatores põem em causa as "abordagens preconcebidas e prescritivas: por um lado, põem de lado uma série de procedimentos coletivistas e geridos a nível central e, por outro, afastam-se da liberalização desenfreada adotada pelo Consenso de Washington".

Portugal na contramão da estrada do desenvolvimento humano

Se o otimismo é a tónica geral do relatório em relação aos países do Sul, os leitores portugueses do relatório ficam sem grandes razões para festejar: o país é o campeão das descidas no Índice de Desenvolvimento Humano 2012, caindo 3 lugares. Portugal ocupa agora a 43ª posição em 187 países, entre os Emirados Árabes Unidos e a Letónia. Ou seja, está apenas 5 lugares acima da linha que separa os países com desenvolvimento humano na categoria "muito elevado" dos que pertencem à categoria "elevado". Em comparação, a Grécia manhtém-se estável no 29º lugar do índice e a Espanha também mantém o 23º lugar nesta lista de países.

A par do Indice do Desenvolvimento Humano, que "reflete o desenvolvimento humano potencial, que poderia ser alcançado se as realizações fossem distribuídas de forma igualitária entre os residentes" de cada país, a ONU apresenta o mesmo índice ajustado à desigualdade, que desconta "o valor médio de cada dimensão [saúde, educação e rendimento] de acordo com o seu nível de desigualdade". Neste índice ajustado à desigualdade, Portugal regista uma perda de 10,8% em relação ao índice original.

Este retrocesso do desenvolvimento humano português vem contrariar a tendência positiva que se registava nas últimas décadas. O índice recua a 1980 para fazer estas comparações e regista uma subida de 27% neste período. Decomposto por décadas, verifica-se que a evolução anual portuguesa neste índice foi de 1,04% na década de 80, nos anos 90 abrandou para 0,93% e continuou a cair para 0,43% na primeira década do século XXI e 0,35% se contarmos o período entre 2000 e 2012. 

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