Cecília Honório

Cecília Honório

Dirigente do Bloco de Esquerda, professora.

Na semana passada trouxe o 1.º Ministro ao debate quinzenal, depois da manifestação de 2 de março. A mesma indiferença gelada de sempre perante a voz da rua e o mesmo radicalismo ideológico: o aumento do salário mínimo entendido como um bloqueio à criação de emprego (ao que o profeta- ministro sombra, António Borges, aplaudiu e entusiasmou-se: o melhor seria mesmo baixar todos os salários).

Fuga do Conselho de Ministros deu à luz o assalto aos rendimentos do trabalho que é o Orçamento de Estado para 2013. Metástases de uma coligação. Passos Coelho não respondeu a Francisco Louçã se os ministros que aprovaram o OE o aplicarão.

Dois dias depois de o Governo anunciar o maior aumento dos impostos da história da democracia, a preocupação de António José Seguro é o número de deputados. Não os impostos; não a espiral recessiva em que o Governo está a lançar o país, não o desemprego descontrolado, mas o número de deputados.

O 25 de Abril foi um salto no futuro. Foi o momento em que Portugal deixou de estar preso no passado, juntando no país um novo sentido para a esperança.

Esta semana as relações laborais foram alvo de um brutal ataque com as mudanças introduzidas no Código de Trabalho e, sobre isto, o PS retomou o voto nem carne nem peixe (abstenção), renovando afinal o seu compromisso com o Memorando da Troika. A semana parlamentar por Cecília Honório

CDS e PSD nada mais pretendem do que adiar a comissão para as calendas e evitar o conhecimento público de uma privatização em que o Estado entrega ao BIC mais de 1000 milhões de Euros, para o banco do ex-ministro do PSD, Mira Amaral, comprar o BPN por 40 milhões.

A chave do novo poder está à mão: selecção dos alunos no 4.º ano, ou no final do 2.º ciclo ou do 3.º e, o tempo dirá, integração das classificações destas provas na avaliação dos professores.

“O nosso Governo aprecia os esforços que o governo português fez. Têm de ir mais longe!” disse Merkel. O governo português fez tudo certo mas falta-nos algo. Falta-nos mais austeridade.

Hoje, perto de 500 mil trabalhadores terão na mão a prova de um ataque à democracia, de uma violação dos seus direitos, acordada entre PS e PSD.

Veja-se o que o OE muda na escola pública: redução dos orçamentos das escolas, redução das contratações, aumento da carga horária dos professores…