Catarina Martins

Catarina Martins

Eurodeputada. Dirigente do Bloco de Esquerda. Atriz

O Governo olhou para a Grécia e tirou a pior das lições.

Não há aumento de impostos e diminuição da despesa do Estado que compensem, num tão curto prazo de tempo, a recessão profunda desencadeada por esta receita de choque e pavor.

A frase é do Ministro da Economia e do Emprego. Aquele que nunca disse nada sobre criar emprego e nada sabe sobre o país. Nem quer saber.

Será esta a transversalidade? A da morte transversal do sector cultural, com Miguel Relvas a destruir a RTP, Nuno Crato numa Escola sem arte, Vítor Gaspar a aumentar o IVA dos bens culturais e Francisco José Viegas a publicar as listas do que já foi?

Marcam-se os pobres com o sinal + e cria-se-lhes uma fila própria. Que quem é pobre não pode ir ocupar as bilheteiras dos outros, pois claro.

O Ministro da Economia confirmou ontem na Comissão de Economia que o passe social é para acabar. Diz o Governo que o passe social é um erro porque é igual para todos. Que uma tarifa social, só para os mais pobres, é o que tem sentido. Mas não é verdade. E é perigoso.

Trinta dias. Um mês. Foi o tempo que passou desde que o governo tomou posse, mas o tempo suficiente para percebermos a sua mensagem: “Esqueçam tudo o que dissemos na campanha”.

Hoje os combates centrais em Portugal e na Europa são dois: contra a bancarrota e em defesa da democracia.

A solidariedade não é fácil. Exige a coragem do confronto contra quem ataca os trabalhadores e trabalhadoras. Não há que enganar: nos direitos do trabalho ganhamos todos ou perdemos todos.

Não há respostas salvadoras nem governantes providenciais. Muito menos o FMI o será. Mas temos o mais poderoso instrumento da resposta: a democracia.