Catarina Martins

Catarina Martins

Eurodeputada. Dirigente do Bloco de Esquerda. Atriz

Contratos das PPP, rendas aos produtores de eletricidade, concessão do serviço público de televisão: com este Governo, as gorduras são para continuar.

A comissão parlamentar discutiu e votou na especialidade a lei do cinema proposta pelo governo. É uma lei que não cumpre as promessas nem as expectativas criadas e confirmadas pelo governo.

As companhias de teatro de Coimbra, do Algarve, de Évora, de Braga, da Covilhã e de Montemuro declararam que estão à beira da extinção. Se nada for feito a Escola da Noite de Coimbra, a Acta do Algarve, o Cendrev de Évora, a Companhia de Teatro de Braga, o Teatro das Beiras da Covilhã e o Teatro de Montemuro deixarão de existir.

Miguel Relvas, o Ministro com a tutela da RTP e cujos negócios privados se cruzam com os interesses de quem quer comprar a televisão pública, mantém-se.

A força das centenas de pessoas que se uniram nas escadarias na Assembleia da República, a olhar para um lençol cheio das imagens que são as suas, é a força de quem não desiste, não apenas da cultura, mas do país.

O Pingo Doce vendeu abaixo do custo no 1º de Maio, para esmagar a concorrência e prejudicar os consumidores no futuro.

Se alguém tinha dúvidas, que as dissipe: o "ímpeto reformista"do Governo é sempre o mesmo; descer o valor do trabalho e entregar à finança o que resta do Estado Social. Semana parlamentar por Catarina Martins.

Explicava ontem em entrevista Passos Coelho que o défice tarifário existe porque se calcula que as empresas poderão estar a perder por o mercado não ser liberalizado. Ficção. Não perdem nada. Não existe défice tarifário; existem, isso sim, rendas excessivas.

Nos últimos 10 anos, o investimento público na Cultura caiu 75% e o Estado central não gasta agora mais do que uns ridículos 0,1% do PIB na Cultura. Simultaneamente, as autarquias diminuíram os apoios, as empresas cortaram até nos apoios em géneros e o público tem cada vez menos capacidade de pagar bilhetes. 

A Comissão Europeia propôs um aumento de 37% dos programas para a Cultura do próximo quadro comunitário. Portugal devia estar a preparar-se para o aproveitamento eficaz desses fundos. Mas se no atual quadro já ninguém se lembra da Cultura...