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Tunísia em crise política

O assassinato a tiro de Chokri Belaïd, um dos líderes da Frente Popular de esquerda, aprofundou a crise política na Tunísia. Liberto da ditadura de Ben Ali, o país não melhorou a situação económica e social, enfrenta a ameaça do corte das liberdades, enquanto a esquerda procura o caminho para prosseguir a revolução de janeiro de 2011. Dossier organizado por Carlos Santos.
Funeral de Chokri Belaïd da Frente Popular - Foto de Amine Ghrabi/Flickr

Chokri Belaïd foi assassinado no dia 6 de fevereiro de 2013, o que provocou uma comoção e revolta em todo o país. O país vivia há algum tempo uma crise governamental, com a troika que compõe a maioria dividida e incapaz de concretizar uma remodelação governamental.

O primeiro-ministro, Hamadi Jebali do partido Ennahda, propôs a formação de um governo de independentes para preparar eleições legislativas, logo após o assassinato do líder da Frente Popular. No entanto, o seu partido não apoia a proposta do primeiro-ministro e pretende manter a todo o custo o controlo do governo e da Assembleia Constituinte. Dez dias depois a situação permanece indefinida e a crise política aprofunda-se.

Neste dossier, divulgamos alguns textos sobre a situação política e social da Tunísia, após a revolução que derrubou o ditador Ben Ali.

Em Fiasco islamista na Tunísia, Serge Halimi analisa o assassinato de Chokri Belaïd e traça um quadro da atual situação política naquele país. O texto de Santiago Alba Rico Mãos negras e luvas cinzentas debruça-se igualmente sobre o atual momento político.

Tunísia, dois anos depois é uma entrevista feita em janeiro passado a um dirigente do Partido dos Trabalhadores da Tunísia, que faz parte da Frente Popular e fala sobre a situação política, económica e social.

Divulgamos também o Projeto de carta política da Frente Popular, criada em setembro passado, e a sua recusa a oferta do FMI. Por fim, um texto sobre a UGTT (a principal central sindical encarna a oposição) e sobre os salafistas (Se não tens razões para viver, encontra uma para morrer).

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Neste dossier:

Tunísia em crise política

O assassinato a tiro de Chokri Belaïd, um dos líderes da Frente Popular de esquerda, aprofundou a crise política na Tunísia. Liberto da ditadura de Ben Ali, o país não melhorou a situação económica e social, enfrenta a ameaça do corte das liberdades, enquanto a esquerda procura o caminho para prosseguir a revolução de janeiro de 2011. Dossier organizado por Carlos Santos.

Fiasco islamista na Tunísia

Criação de uma frente unida contra o Ennahda em nome da defesa das liberdades, aparição de uma fratura no seio do partido do poder, demonstração do fracasso económico e securitário do governo: os responsáveis ainda desconhecidos do assassinato de Belaïd talvez não imaginassem chegar a tal resultado. Esperando que a sua violência intimidasse os opositores, descobriram que, pelo contrário, despertaram a sociedade tunisina. Por Serge Halimi

Tunísia: Mãos negras e luvas cinzentas

Santiago Alba Rico, filósofo e especialista sobre mundo árabe, descreve os efeitos da morte de Chukri Belaïd no Governo e na oposição e assinala que a resposta coletiva ao atentado trará o fortalecimento da democracia e da Frente Popular ou a vitória “de todas essas mãos negras e luvas cinzentas que procuram mergulhar o país no terror e na violência”.

Tunísia, dois anos depois

A única coisa que realmente mudou desde os dias de Ben Ali foi a liberdade de expressão, mas continua frágil, porque a revolução não levou a uma mudança radical no quadro jurídico em que ela pode ser exercida. A nível económico e social regrediu-se. A situação é ainda pior do que no tempo de Ben Ali. Entrevista com Hamadi Ben Mim do Partido dos Trabalhadores da Tunísia.

Tunísia: Criação de uma “Frente Popular” - Projeto de carta política

A Frente Popular da Tunísia foi anunciada publicamente em setembro de 2012, constituída por 12 partidos e organizações políticas de esquerda. Neste artigo, divulgamos o projeto de carta política da Frente Popular.

A Frente Popular recusa a oferta do FMI

Em comunicado, a FP recorda que o povo tunisino, ao fazer a revolução, exprimiu a sua vontade de rejeição da política do FMI e do poder encarregado de a impor. Em alternativa propõe ao Fundo um debate público pela TV.

Na Tunísia, a principal central sindical encarna a oposição

Governos de transição assumem os poderes no mundo árabe. Em todas as partes, ocorre uma afirmação dos islamitas, sobretudo da Irmandade Muçulmana. Na Tunísia, ela está representada no partido que lidera a coligação, a Ennahda, e enfrenta a oposição da principal central sindical. Por Héla Yousfi.

Se não tens razões para viver, encontra uma para morrer

Eram três, jovens, desesperados, desamparados, tiveram a rua como mãe e o seu bairro como pai. Que fazer desta vida efémera? Terão a vida eterna, enquanto os outros, que sucumbiram às tentações, queimarão no inferno... Desta vez, têm a sua vingança... Por Emir Sfaxi