You are here

Espanha: PP recua e admite suspensão dos despejos

Iniciativa Legislativa Popular, apoiada por 1,4 milhão de pessoas, é admitida por unanimidade no Parlamento, e PSOE e PP chegam a acordo para a sua tramitação urgente. Suicídios e manifestações forçaram os conservadores a mudar. Plataforma contra os despejos ameaça denunciar os deputados que votem contra.
Protesto contra os despejos. Foto de por HIRIAN ALDIZKARIA

Diante da pressão da Plataforma dos Afetados pelas Hipotecas (PAH) e da tragédia que os despejos estão a provocar – só nos últimos três dias se suicidaram quatro pessoas que iam ser despejadas das suas casas – o Partido Popular retrocedeu na terça-feira e votou a favor de admitir no Parlamento a Iniciativa Legislativa Popular apresentada pela PAH e que contou com o apoio de 1,4 milhão de assinaturas.

Já esta quarta-feira, PSOE e PP puseram-se de acordo para que a iniciativa tenha um trâmite de urgência.

Manifestações e onda de suicídios forçou PP a mudar

A Iniciativa Legislativa Popular regula a dação em pagamento das casas (de forma a que as pessoas que entregam a sua casa não fiquem com dívida), paralisa os despejos e promove as rendas sociais. O PP não tinha a intenção de votar a favor da admissão, mas as manifestações de rua e a onda de suicídios forçou-o a mudar de opinião, o que constituiu uma primeira grande vitória da PAH.

Lola Fernández, porta-voz da Plataforma, disse esta quarta em conferência de imprensa que este movimento social vai velar para que a lei seja aprovada na forma exata como foi apresentada pelos 1,4 milhão de cidadãos. Ao movimento preocupa sobretudo que o governo manobre e transforme a iniciativa popular na proposta de lei que o governo já tem no Parlamento.

Ameaça aos deputados que votarem contra

Caso isso aconteça, os ativistas ameaçam desencadear uma campanha de scratches, isto é, assinalar os deputados culpados de “genocídio financeiro”, denunciando-os “nos seus bairros, nos restaurantes onde vão comer e nos bares onde bebem as suas cervejas”. O PAH já tinha feito o envio maciço de 200 mil mails aos deputados que não queriam admitir a Iniciativa Legislativa Popular.

A verdade é que a expressão “genocídio financeiro”, aplicada à crise da habitação, não é uma simples figura retórica. Nesta mesma quarta-feira, um homem de 55 anos enforcou-se pouco antes de ser despejado da sua residência em Alicante. Na véspera, um casal de reformados suicidara-se na sua casa em Cas Català, no município maiorquino de Calvià, depois de receberem o aviso de que iam ser despejados por não terem pago as prestações.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Internacional
(...)