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Equador vai a eleições: Correa lidera sondagens

Equatorianos vão às urnas domingo e, segundo as sondagens, o presidente deve ser reeleito com folga – teria entre 49% e 63% dos votos. Por Juan Manuel Karg, Marcha
Correa: "Socialismo do Bom Viver". Foto de Presidencia de la República del Ecuador

As sondagens reveladas nos últimos 30 dias dão a Correa uma clara vantagem para as eleições de 17 de fevereiro, podendo mesmo vencer no primeiro turno.

A empresa privada "Market", numa sondagem realizada em janeiro, dá ao candidato da Aliança País 49% de intenções de voto, seguido por 18% do ex-banqueiro Guillermo Lasso, Movimento Creo, e do ex-presidente Lucio Gutiérrez, com de 12%.

Mais distantes estão Alberto Acosta e Álvaro Noboa, com 6% e 4%, respetivamente. Segundo a empresa "Perfis de Opinião", a diferença é ainda maior, com Correa com 63%; Lasso tem 9%, Gutiérrez, 4%, e Noboa, 2%.

Um tema como as relações internacionais pode servir para ilustrar as profundas diferenças entre os candidatos. Guillermo Lasso declarou recentemente à Efe que a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América) é um "império do terceiro mundo", e também afirmou que, se vencer, promoverá a entrada do Equador na Aliança do Pacífico.

Depois, garantiu que, em matéria comercial, dará prioridade à assinatura de acordos com os EUA e a União Europeia. O ex-presidente Lucio Gutiérrez tem uma postura semelhante, e declarou ao canal Ecuavisa que a Alba é um "clube ideológico" e "engraçado". Além disso, chamou Correa de "marionete" de Hugo Chávez.

A proposta do Socialismo do Bom Viver

O programa de governo 2013-2017 de Correa apresenta as "35 propostas para o Socialismo do Bom Viver", cujo principal lema é "governar para aprofundar a mudança".

Dessa forma, desde a apresentação desse extenso documento (139 páginas), anuncia-se que "a Revolução Cidadã promete aprofundar e radicalizar o seu programa: um louvor à justiça, à dignidade, à soberania, ao socialismo e à verdade".

Retoma, assim, o ideal independentista do Bolívar, Sucre, Manuela Sáenz e Eloy Alfaro Delgado (mencionado na introdução com seu "Nada para nós, tudo para a pátria, para o povo que se fez digno de ser livre").

Mas quais são os principais eixos propostos? Para começar, aprofundar a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e das maiorias populares, demonstrada na diminuição da desigualdade por rendimento, medida pelo coeficiente de Gini: enquanto em 2006 os 10% mais ricos obtinham 28 vezes a mais do que o 10% mais pobres, em 2011 a brecha diminuiu 10 vezes.

A isto junta-se uma segunda conquista da Revolução Cidadã, também apresentada no documento: "o resgate do público e a reconstrução de um Estado que tinha sido desmantelado por um neoliberalismo selvagem e a indiferença da burguesia".

No entanto, a proposta da Aliança País vai além. E aqui, sem dúvida, podemos mencionar como antecedentes a ideia do "Socialismo do Século 21" na Venezuela, e o "Socialismo Comunitário do Bom Viver", promovido pelo governo do MAS na Bolívia.

Vejamos: no capítulo "Princípios e orientações para o socialismo do Bom Viver", o programa de governo de Correa propõe "uma transição para uma sociedade na qual a vida não esteja a serviço do capital ou de qualquer outra forma de dominação. Afirmamos, de modo radical, que a supremacia do trabalho humano sobre o capital é inegociável e que a defenderemos em todos os espaços da vida social onde possa ser vulnerada".

Isto, somado aos esforços por mudar a matriz produtiva; a busca constante da democratização dos meios de produção; o horizonte da soberania energética; as tarefas quotidianas para promover uma verdadeira "economia social"; o chamado a uma revolução do conhecimento; e a construção do poder popular – a partir das bases – como eixos da proposta do "Socialismo do Bom Viver" apresentam uma perspetiva que objetivamente é antagónica ao ideal de Lasso e de Gutiérrez.

Definitivamente, no dia 17 de fevereiro acontecerá uma batalha no Equador. Dois projetos de país e de continente vão enfrentar-se: um de horizonte emancipador – representado na Alba, experiência chave para entender a mudança política, económica e social equatoriana, contra uma hipotética nova submissão aos capitais norte-americanos e europeus; e outro representado pela adesão à Aliança do Pacífico (como vimos nas declarações de Lasso e Gutiérrez).

Uma nova vitória de Correa, com um programa como o apresentado, seria outro claro golpe à política dos EUA no continente, após a clara vitória da Revolução Bolivariana em outubro do ano passado.

8/2/2013

Publicado no jornal argentino Marcha. Tradução e divulgação da Telesur, reproduzido da Carta Maior

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