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Tunísia: Crise política e greve geral, nesta sexta-feira

O assassinato do líder da oposição de esquerda tunisina Chokri Belaïd, que era também advogado defensor dos direitos humanos, levou a múltiplas manifestações de indignação e revolta. Na capital, milhares de pessoas concentraram-se junto ao ministério do Interior no dia do assassinato e nesta quinta-feira nova manifestação popular encheu a avenida Habib Bourguiba. A polícia atacou os manifestantes com gás lacrimogéneo e os confrontos prolongaram-se. Os protestos fizeram igualmente sentir-se noutras cidades. Várias sedes do partido islamista Ennahda foram destruídas, nomeadamente em Sidi Bouzid e Gafsa.
A central sindical UGTT, que tem mais meio milhão de filiados, decidiu convocar para sexta-feira, 8 de fevereiro, uma greve geral em todo o país. Esta convocatória segue-se ao apelo já feito por vários partidos de esquerda.
A central sindical decidiu também decretar dia de luto nacional para a próxima sexta-feira, em que se realiza o funeral de Chokri Belaïd.
Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro Hamadi Jebali (do partido Ennahdha) anunciou a formação de um governo de tecnocratas para gerir os assuntos correntes até à realização de eleições, para ultrapassar a crise governamental. Jebali declarou que o assassinato de Chokri Belaïd acelerou a sua decisão, pela qual assumiu a total responsabilidade.
Porém, nesta quinta-feira, o partido islamista Ennahda desautorizou o seu primeiro-ministro e recusou a constituição de um governo de tecnocratas para preparar eleições. O vice-presidente do Ennahda, Abdelhamid Jelassi, declarou que “o primeiro-ministro não pediu a opinião do seu partido” e disse que o Ennahda vai “prosseguir as discussões com outros partidos para a formação de um governo de coligação”. A posição do Ennahda tem o suporte do líder do partido, Rached Ghannouchi, e do Presidente da Tunísia, Moncef Marzouki.
Moncef Marzouki encontrava-se no Cairo para participar numa cimeira da Organização da Cooperação Islâmica e regressou à Tunísia nesta quinta-feira. O presidente considerou que o assassinato de Chokri Belaïd foi “um crime odioso para lançar o povo tunisino na violência”.
Os partidos de esquerda responsabilizam o Ennahda pelo clima de violência e as milícias islâmicas pelo assassinato.
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