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Espanhóis pedem demissão de Mariano Rajoy

O desmentido de Rajoy sobre as suspeitas de ter recebido, durante 11 anos, pagamentos paralelos anuais que ascendem a mais de 25 mil euros não acalmou os ânimos dos espanhóis, que exigem a demissão do presidente do governo.
Foto de VICTOR LERENA, EPA/Lusa.

Este sábado, Mariano Rajoy reagiu à denúncia publicada pelo El País, que adiantava que toda a cúpula do Partido Popular, incluindo o ex-presidente do partido e do governo José Maria Aznar e o atual, Mariano Rajoy, terá recebido, pelo menos entre 1990 e 2008, pagamentos paralelos, não declarados ao fisco, provenientes de comissões e donativos de empresas arrecadados pela tesouraria do PP.

“Não vou precisar de mais de duas palavras: É falso. Nunca, repito, nunca recebi, nem reparti pagamentos paralelos nem neste partido nem em nenhuma parte”, afirmava Rajoy, que, segundo as informações constantes no caderno de Luis Bárcenas Gutiérrez, teria recebido anualmente 25.200 euros desta contabilidade paralela durante 11 anos.

O desmentido do primeiro ministro espanhol, que se escudou na teoria da conspiração e afastou qualquer hipótese de se demitir, foi proferido durante a sua intervenção no Comité Executivo Nacional do PP, convocado com carácter de urgência, não tendo havido lugar a qualquer ronda de questões por parte da imprensa.

“Falta de respeito pelos jornalistas e pelos cidadãos”

O Foro de Organizações de Jornalistas, que abrange o Coletivo de Jornalistas da UGT, o Coletivo de Jornalistas das CC OO, o Colégio de Jornalistaas da Catalunha, o Colégio Profissional de Jornalistas da Galiza e a Federação de Sindicatos de Jornalistas, já veio lamentar e condenar que o presidente do governo não se tenha querido sujeitar às perguntas dos jornalistas.

“Numa acção informativa tão importante e de tanta transcendência internacional como eram as palavras de Rajoy não se pode tolerar que não tenha sido elegido um formato que permitiria perguntas”, avançou o secretário general do Foro de Organizações de Jornalistas, Mariano Rivero.

“É uma falta de respeito pelos jornalistas e pelos cidadãos, assim como pelo exercício da profissão”, sublinhou ainda.

“Espanhóis exigem demissão de Rajoy”

As declarações de Rajoy, que desmentiu qualquer envolvimento no “caso Bárcenas”, não convenceram o povo espanhol, tendo-se desencadeado novos protestos em cidades como Madrid, Barcelona, Alicante, Valladolid, Sevilha e Zaragoza.

A população madrilena, cantando palavras de ordem como “Este presidente é um delinquente” e “Esta polícia só protege os ladrões”, concentrou-se na Praça de Alonzo Martínez, tendo sido impedida de se concentrar frente à sede do PP, na Rua Génova, que foi bloqueada pelas forças policiais.

Em Barcelona, o protesto contra a corrupção política começou por volta das 18h e terminou em frente à sede do PP.

“A corrupção paga-se com prisão” e “Mariano, não chegas ao verão” foram algumas das palavras de ordem mais ouvidas em Valladolid, que foi palco do terceiro protesto em menos de uma semana.

Em Sevilla, um membro do colectivo 15-M foi detido durante os protestos. O advogado ter-se-á dirigido, segundo adianta o movimento, aos agentes policiais, quando estes começaram a identificar os manifestantes, com o objectivo de explicar o motivo da concentração, tendo sido levado num veículo da polícia espanhola.

Entretanto, a petição pedindo a demissão imediata do governo de Mariano Rajoy e a convocação de eleições antecipadas tem já mais de 750 mil assinaturas. No documento, os peticionários sublinham que é “o momento de todos os que receberam pagamentos paralelos partirem e deixarem de denegrir o nome” do país.

"Devido à grave crise política que se vive em Espanha", o secretário-geral do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba, cancelou a deslocação a Portugal, que teria lugar este domingo, com vista à participação no encontro da Internacional Socialista, e, em declarações aos jornalistas, defendeu que Rajoy "deve abandonar a presidência do governo".

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