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Espanha: “Bomba atómica” atinge dirigentes do PP

Investigação do El País denuncia que todos os principais dirigentes do Partido Popular, incluindo o atual presidente do governo, receberam desde 1990 pagamentos paralelos provenientes de um fundo abastecido por comissões e doações de empresas. Convocadas manifestações diante das sedes do PP. Esquerda Unida exige demissão do governo.
Rajoy: pagamentos não declarados durante 11 anos. Foto de Populares de Cantabria

Toda a cúpula do Partido Popular, incluindo o ex-presidente do partido e do governo José Maria Aznar e o atual, Mariano Rajoy, terá recebido, pelo menos entre 1990 e 2008, pagamentos paralelos, não declarados ao fisco, provenientes de comissões e donativos de empresas arrecadados pela tesouraria do PP.

Uma minuciosa contabilidade, feita à mão em cadernos controlados pelo ex-tesoureiro Luis Bárcenas e o seu adjunto Álvaro Lapuerta foi divulgada esta quinta-feira pelo diário El País, cuja edição impressa esgotou em muitos pontos de venda. Além dos pagamentos regulares aos dirigentes, os cadernos também incluem outras despesas, até gravatas e “fatos para Mariano”.

Rajoy: pagamentos paralelos por 11 anos

Rajoy, segundo os cadernos, teria recebido anualmente 25.200 euros desta contabilidade paralela durante 11 anos. Ora foi o próprio chefe do governo que disse, recentemente, numa reunião intermunicipal do PP, que a classe dirigente deveria ser “mais exemplar nas suas condutas” e garantiu que não lhe tremeria a mão "se alguma vez tiver conhecimento de irregularidades ou de condutas impróprias que afetem o nosso partido”. Na mesma reunião, apresentou os ex-secretários-gerais do PP Acebes, Arenas e a atual, Maria Dolores de Cospedal, como garantes da “honradez” da contabilidade do partido. Mas todos eles constam da lista de pagamentos paralelos.

O dinheiro que abastecia esta contabilidade vinha de comissões cobradas às empresas, principalmente de construção, e de doações anónimas.

Caso Gürtel

Desde que estourou o caso Gürtel, em inícios de 2009, que o até então tesoureiro Luis Bárcenas ameaçava as altas esferas do PP de atirar “bombas atómicas” se não fosse devidamente defendido. Bárcenas ter-se-ia queixado de que o partido o abandonou à sua sorte, e que parou até de pagar ao seu advogado. O caso Gürtel foi a investigação a uma alegada rede de corrupção vinculada também ao Partido Popular, que seria liderada pelo empresário Francisco Correa, cujo apelido “correia”, em alemão é “gürtel”. O caso foi inicialmente instruído pelo juiz Baltasar Garzón, que teve de o abandonar quando foi forçado a abandonar amagistratura.

Reunião extraordinária da direção do PP

Mariano Rajoy convocou uma reunião extraordinária do Comité Executivo Nacional do PP. A número dois do partido, Dolores de Cospedal, foi à sede nacional para negar as acusações e asseverar que os cadernos divulgados pelo El País não são verdadeiros, afirmando que “a contabilidade do PP é clara, única, transparente e limpa”.

Rajoy, porém, já ordenara uma “investigação interna que será submetida a auditoria externa”, depois que, no passado dia 21 de janeiro, se soube que Bárcenas chegou a ter 22 milhões de euros em contas na Suíça.

Manifestações frente às sedes do PP

As denúncias envolvendo toda a cúpula do PP já provocaram uma profunda comoção popular, que se reflete na ebulição que tomou conta das redes sociais como o Facebook e o Twiter. Convocatórias espontâneas de manifestações diante das sedes do PP, nomeadamente da sede nacional de Madrid, na rua Génova, já foram feitas para as 20 horas desta quinta. No Twiter, Bárcenas e #lospapelesdebárcenas foram as mensagens e hashtags mais reproduzidas e ativas.

O coordenador federal da Esquerda Unida, Cayo Lara, pediu a demissão imediata do governo e a convocatória de eleições antecipadas.

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