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Mega cratinices!

Os argumentos do ministro da educação em defesa dos mega agrupamentos não passam de mega cratinices! Diversas instâncias internacionais na área da Educação, de há muito, o desaconselham.

Nuno Crato desdobra-se em declarações onde tenta passar a ideia de que os mega agrupamentos de escolas favorecem a articulação entre diversos níveis de ensino, o acompanhamento das crianças e jovens ao longo da escolaridade e, consequentemente, promovem o sucesso educativo. Trata-se de uma colossal mentira que tem como objetivo legitimar mais este ataque à Escola Pública.

Os argumentos do ministro da Educação em defesa dos mega agrupamentos não passam de mega cratinices! Instâncias internacionais na área da Educação, de há muito, o desaconselham. Diversos estudos concluem que a qualidade de ensino fica gravemente comprometida com o aumento exponencial da população escolar por escola/agrupamento. Agrupamentos que chegam a ter 4.000 alunos, como propõe o governo, são um exemplo paradigmático do que não deve acontecer!

Nuno Crato diz-nos que os mega agrupamentos são imprescindíveis à integração dos diversos níveis de ensino. É uma verdadeira falácia, já que a articulação é uma realidade em centenas de agrupamentos verticais do país, onde, graças à sua pequena dimensão, é possível acompanhar o percurso dos alunos.

Por outro lado, é do senso comum que um grande número de alunos/turmas por professor e o sucesso educativo não andam, propriamente, de mãos dadas. Professores que se deslocam entre escolas do mesmo agrupamento, com características muito diferentes, percorrendo, por vezes, longas distâncias, e que lecionam um grande número de turmas não têm, obviamente, condições para conhecer os seus alunos.

A qualidade do trabalho cooperativo entre pares sai, também, a perder. Mega grupos e mega departamentos de professores que raramente se encontram, comprometem, irremediavelmente, a cooperação e o desenvolvimento de projetos comuns a nível de conselhos de turma, de grupo ou de departamento.

De facto, os mega agrupamentos têm como objetivo único uma drástica redução de recursos humanos nas escolas e o cumprimento dos cortes na área da Educação impostos pela troika, e que constam do relatório do FMI “Repensar o Estado”.

A par da redução de 14 mil professores e funcionários administrativos por via de reformas, rescisões e da não renovação de contratos, é prevista, no sector da Educação, a implementação de um sistema de mobilidade obrigatória para os docentes considerados excedentários, que, além de se traduzir numa redução imediata dos seus níveis de remuneração, visa, na realidade, empurrar os professores para o ensino privado e afastá-los, definitivamente, da Função Pública. Com a passagem de 30 a 50 mil professores e funcionários não docentes para o regime de mobilidade, o governo espera poupar,numa primeira fase, entre 430 a 710 milhões de euros.

Os professores, alunos e encarregados de educação, sofrem, na pele, os efeitos da política educativa (?...) troikista e não se deixam enganarpelas falácias de Crato.A demonstrá-lo estão as recentes tomadas de posição e protestos dos professores, pais e estudantes!

A manifestação “Que se Lixe a Troika – O povo é quem mais ordena”, agendada para o próximo dia 2 de março, representa um momento crucial, para que a comunidade educativa se mobilize numa verdadeira “Maré da Educação” contra a destruição da Escola Pública, que “não aguenta mais despedimentos nem mais cortes”!

Sobre o/a autor(a)

Dirigente do Bloco de Esquerda. Professora.
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