You are here

Portugal à venda

As privatizações levadas a cabo por sucessivos governos PSD/CDS-PP e PS não só impediram o desenvolvimento do País como constituíram, mesmo em termos de receitas, um mau negócio para o Estado.

Cada vez que vão a um posto Galp e têm o privilégio de pagar dos combustíveis mais caros da Europa, para que o senhor Amorim dispute o título de mais rico de Portugal, os portugueses sabem o que são as privatizações... Cada vez que recebem a conta da EDP, pagando os milhões que recebem Mexia e Catroga e o negócio da China, os portugueses sabem o que são as privatizações…

Utilizar os dinheiros públicos (os impostos dos cidadãos) para garantir lucros privados é receita geral. Pegam-se em empresas que foram construídas ao longo de décadas com o dinheiro de todos os portugueses, que prestam serviços públicos estratégicos para manutenção da soberania nacional e contribuem com os seus lucros para o Orçamento do Estado, fixa-se um preço de saldo e está o negócio feito. Depois serve-se nos telejornais a cassete dos milhões de “encaixe” para combater o défice…

A realidade é bem diferente. Quem faz “encaixes” de milhões são aqueles que compraram as empresas a preços de saldo e se apropriam dos seus lucros.

A PT é um bom exemplo. Depois de privatizada “encaixou” 7,5 mil milhões só com a venda da Vivo à Telefónica, já não para o Orçamento do Estado mas para os bolsos dos acionistas.

“Exemplar” foi também a privatização do Banco Totta, que Champallimaud (depois de uns discursos patriotas) vendeu de imediato aos espanhóis do Santander.

Com a venda de importantes e estratégicas empresas, o Estado perde dinheiro. Apenas três empresas privatizadas – GALP, EDP e PT – obtiveram lucros líquidos, no período 2004-2009, que somados atingiram 13.384,9 milhões de euros.

A pressão da opinião pública (para já) travou o vergonhoso negócio da TAP, no qual o candidato à privatização se propunha pagar ao estado português menos do que custa um avião.

Mas outros estão na calha. Os CTT, cuja eventual privatização irá negar a muitos portugueses o acesso a serviços essenciais. A RTP para berlusconizar a informação e transferir para privados o dinheiro que todos pagamos de taxa. Os Estaleiros de Viana para continuar a destruição do sector produtivo do país…

As privatizações levadas a cabo por sucessivos governos PSD/CDS-PP e PS não só impediram o desenvolvimento do País como constituíram, mesmo em termos de receitas, um mau negócio para o Estado porque fizeram perder uma importante fonte de financiamento do Orçamento do Estado. Prosseguir estas políticas é continuar a lesar o interesse nacional.

Passos Coelho e Miguel Relvas não dirigem um Governo, mas uma verdadeira comissão liquidatária de Portugal.

Sobre o/a autor(a)

Professor e historiador.
(...)