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Centenas de pessoas abraçaram a Casa da Música contra o governo

Manifestação mostra o apoio com que conta a instituição entre a população da cidade, porque ela também trabalha para a cidade. Ao Esquerda.net, Catarina Martins sublinhou que “o ano acaba com uma manifestação organizada por um movimento cívico contra o governo, neste caso na área da Cultura. E isso é muito importante.”
O abraço reuniu cerca de 500 pessoas. Foto de Rui Gonçalvez - Lusa

Cerca de 500 pessoas de pessoas fizeram um longo círculo em torno da Casa da Música, no Porto, num abraço de protesto contra o corte de 30% imposto pelo governo e que já levou à demissão em bloco do conselho de administração da instituição.

Estiveram presentes, entre outros, o sociólogo João Teixeira Lopes, primeiro subscritor do manifesto que deu origem ao abraço, o diretor artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, o ex-diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, João Fernandes – que é hoje subdiretor do Museu Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid, o candidato do PS à Câmara do Porto, Manuel Pizarro e os coordenadores do Bloco de Esquerda, João Semedo e Catarina Martins.

Ao Esquerda.net, Catarina Martins frisou que “o ano acaba com uma manifestação organizada por um movimento cívico contra o governo, neste caso na área da Cultura. E isso é muito importante.” A coordenadora do Bloco lembrou que a Casa da Música, desenhada pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas junto à rotunda da Boavista, já é hoje o edifício mais visitado da cidade, tornou-se um símbolo do Porto. “É mais visitado que os Clérigos”, afirmou. A atriz e encenadora vê uma razão muito especial para o apoio com que a Casa conta na população da cidade: “É que a Casa da Música trabalha muito para a cidade”, afirmou, destacando o trabalho que a instituição desenvolve com comunidades desfavorecidas, abrigando o “som da rua”, uma orquestra de população sem teto. Ao mesmo tempo, Catarina Martins recorda que a orquestra sinfónica do Porto, instalada na Casa, é a única orquestra sinfónica portuguesa fora de Lisboa.

Foto de Renato Soeiro

Por seu lado, Manuel Pizarro, deputado socialista e candidato do PS à autarquia portuense, afirmou que “o Porto vai fazer com que o governo recue nesta decisão e cumpra o compromisso assumido com a Casa da Música”.

Já para António Jorge Pacheco, diretor artístico da Casa da Música, “nunca é tarde para tomar uma boa decisão”. Alertando que o que está em causa é mais do que a programação da instituição, o responsável disse estar “otimista”, convencido de que o corte de 30% é apenas “uma proposta de corte” e de que ainda “há tempo e espaço para se tomar uma boa decisão”.

João Fernandes, ex-diretor do Museu de Serralves, sublinhou que “as instituições culturais precisam de antecedência para preparar o seu trabalho, e ela não pode ser curto-circuitada por cortes inesperados e posta em causa por terramotos imprevistos”, alertou.

Todos os membros do Conselho de Administração (CA) da Casa da Música apresentaram a 18 de dezembro ao Conselho de Fundadores a renúncia aos respetivos mandatos, devido aos cortes de 30% impostos pelo governo para 2013 nas transferências de verbas para a Fundação, considerando que “deixaram de estar reunidas as condições” que garantiam “o sucesso” da instituição”.

A administração demissionária alertou em comunicado que, em abril, tinha sido acordada com o governo uma redução de 20% no “financiamento inicialmente assegurado de 10 milhões de euros” e que, em novembro, em reunião do Conselho de Fundadores, “o Estado deu a entender que o CA não teria sido prudente em avançar com a execução do plano de atividades em 2012 e com a preparação do ano de 2013 apenas com base na palavra do anterior Secretário de Estado da Cultura”.

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