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O plano de austeridade secreto do ministro das finanças alemão

O governo alemão, que, preparando-se para as eleições que terão lugar no próximo ano, tem vindo a prometer maiores benefícios para os pensionistas, as famílias e os desempregados de longa duração, está a ultimar, segundo avança o Der Spiegel, o programa de austeridade mais abrangente na história da Alemanha pós-guerra.
Foto de Chattam House, London, Flickr.

Ao mesmo tempo que anuncia, numa entrevista ao jornal “Bild” que o pior da crise da Zona Euro já terá passado e que o crescimento da economia alemã deverá ser aceitável, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, responsabilizou a sua equipa pela elaboração de um plano de cortes orçamentais que, segundo os seus proponentes, visa preparar a Alemanha para o enfraquecimento da economia e as possíveis consequências da crise do Euro.

Segundo o documento, citado pelo Der Spiegel, a Alemanha, caso queira escapar às consequências da crise do Euro, terá que aumentar drasticamente os impostos e proceder a profundos cortes sociais nos próximos anos.

Em causa está, nomeadamente, a subida do IVA reduzido de 7% para 19%, a introdução de uma taxa de solidariedade na Saúde e o corte orçamental de 10 mil milhões de euros neste setor, o aumento do número de anos que cada trabalhador terá que trabalhar para assegurar a sua reforma e uma maior penalização das reformas antecipadas, a diminuição do valor da pensão por viuvez, a redução do investimento público e o corte no orçamento destinado à Educação.

O ministro das Finanças alemão, que já demonstrou confiar nas previsões e nas recomendações dos seus colaboradores, esforça-se, contudo, por evitar qualquer efeito perverso que este plano de austeridade possa ter na campanha eleitoral que se avizinha, mantendo as suas intenções no maior secretismo.

A implementação das medidas de austeridade a serem preparadas pelo ministério de Schäuble visam garantir o cumprimento da cláusula de travão da dívida introduzida nos últimos anos na Constituição alemã. Ainda que seja reconhecida ao governo a oportunidade de recorrer a empréstimos, que, em 2016, poderão ascender a 10 mil milhões de euros, não é recomendável, segundo defende Schäuble, esgotar essa possibilidade. “É absolutamente necessário manter uma distância suficiente face ao limite constitucional durante o planeamento orçamental para prever despesas estruturais e evoluções da receita inesperadas”, adiantam os peritos no documento.

Uma “forte desaceleração económica” e um consequente aumento da dívida pública, ou a necessidade de absorver as dívidas dos bancos resgatados, como o Hypo Real Estate, o Commerzbank e o WestLB, são alguns dos fatores que preocupam Schäuble e a sua equipa.

O mesmo acontece com a possibilidade de os cofres públicos alemães, que asseguram atualmente um financiamento de 190 mil milhões de euros ao Mecanismo Europeu de Estabilidade, virem a esvaziar-se caso os credores do governo grego venham a perdoar parte da dívida do país.

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