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Regime angolano volta a reprimir manifestação de jovens

Uma manifestação em Luanda voltou a ser brutalmente reprimida neste sábado. O protesto exigia a libertação de Isaías Cassule e Álves Kamulingue, dois ex-militares desaparecidos a 27 e 29 de Maio deste ano. Há várias pessoas detidas, outras desaparecidas. O Bloco Democrático protestou “veemente contra a ofensiva policial brutal” e exigiu a libertação imediata dos detidos.
A manifestação de jovens em Luanda voltou a ser brutalmente reprimida neste sábado

Segundo o site do movimento juvenil centralangola7311.net, a marcha deste sábado partiu do Largo da Independência e pretendia terminar no ministério da Justiça mas todos os acessos ao local foram bloqueados e os manifestantes foram intercetados na rua Marian Ngoubi pela polícia anti-motim.

A polícia dispersou os manifestantes com uso de força excessiva com bastões e gás lacrimogéneo, tendo sido detidas várias pessoas. Segundo notícias via facebook sete pessoas já foram libertadas, mas pelo menos mais de uma dezena continua detida e algumas desaparecidas.

A polícia interveio violentamente neste sábado, apesar de dois dias antes os seus organizadores terem reunido a pedido das autoridades com o Ministro do Interior, Ângelo Tavares, estando presentes o adjunto do Procurador Geral da República, Arcanjo Custódio, o Comandante Geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos, o Director Nacional de Investigação Criminal (DNIC), Eugénio Pedro Alexandre, e o Secretário do Estado para a Juventude, Nhanga Assunção.

Nessa reunião, o Ministro do Interior sublinhou “não ter a mínima intenção de coartar os (…) direitos (dos jovens)” mas avisou que tem “inteligência que haverá infiltrados na manifestação para denegrir a nobre causa e tirar daí dividendos políticos” e ameaçou que “se houver comportamentos irregulares e à revelia da lei, a polícia terá de intervir para repor a ordem e a tranquilidade”.

No site do movimento juvenil refere-se que “no encontro da juventude manifestante com a polícia anti-terror na rua Marian Ngoubi, houve dois jovens que foram vistos a atirarem pedras aos agentes da polícia e aos carros estacionados na via” e respondem: “Estamos convictos que os dois jovens que decidiram pegar em pedras para confrontar a polícia anti-motim, fazem parte dos tais que o Ministro Ângelo Tavares mencionou como ‘infiltrados para tirar dividendos políticos’. A questão agora é quem beneficia mais com a generalização da imagem de manifestantes ‘confusionistas’? Serão os partidos da oposição que poderão acusar o regime de repressivo incorrigível, ou o regime que pode continuar a mostrar que os jovens não conseguem que se lhes dê a mão, querem logo o braço? Uma coisa é certa, os únicos que não beneficiam NADA são os manifestantes, por isso não haveríamos de infiltrar ninguém com intuito de subverter aquilo que professamos”.

O Bloco Democrático, em nota assinada pelo seu secretário-geral Filomeno Vieira Lopes, além de protestar “veemente contra a ofensiva policial brutal contra os manifestantes duma marcha legal e do conhecimento de toda a estrutura governativa” exigiu “a libertação imediata de Hugo” detido inanimado, devido ao excesso de gás lacrimogéneo, que inalou.

O Bloco Democrático refere ainda que “apenas por mera casualidade” os seus dirigentes Luís Nascimento, Alfredo Baruba e Américo Vaz, não sofreram agressões cruéis, tendo que se refugiar em sítio seguro” e acusa: “O regime mostra mais uma vez estar muito distante da convivência democrática”.

Manifestaçao 22 de Dezembro Saída do Largo

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