Sandra Cunha

Sandra Cunha

Feminista e ativista. Socióloga.

O relatório sobre o progresso da igualdade entre mulheres e homens no trabalho e na formação profissional parece não servir de nada quando se trata de elaborar o Orçamento de Estado que tem o poder de combater essas mesmas desigualdades.

Colocar no mesmo saco cortes de cabelo, roupa desportiva e suásticas é tratar da mesma forma aquilo que é incomparável. É não perceber que umas dizem respeito à imagem do próprio e outras dizem respeito a terceiros.

Ninguém abandona a sua casa e se aventura numa travessia que lhe pode custar a vida por capricho. Fazem-no porque não têm alternativa.

A questão não é a de determinar se Portugal é ou não racista, mas sim a de reconhecer que há racismo em Portugal e a de decidir se queremos um país onde pessoas são quotidianamente discriminadas e excluídas.

Nos últimos dias têm sido divulgadas imagens que denunciam a sobrelotação dos transportes coletivos na Área Metropolitana de Lisboa (AML). Comboios cheios, autocarros a abarrotar. O distrito de Setúbal não é exceção.

O discurso ambiental do governo e do ministro que tutela esta pasta salta pela janela assim que entram pela porta os lucros das multinacionais. É caso para dizer que, para combatermos a emergência climática, precisamos mesmo de desconfinar este ministro.

Todos sabemos que o SNS padece de um problema de saúde crónico. Chama-se desinvestimento e tem sido mantido governo após governo como parte de uma estratégia de desmantelamento do serviço nacional de saúde.

Quem está realmente do lado certo do 25 de Abril continuará a lutar para que a receita não seja a da austeridade imposta a quem menos tem e das benesses aos que mais lucros acumulam.

A crise pandémica do Covid19 apanhou-nos de surpresa, impondo às famílias e aos serviços públicos essenciais uma pressão inesperada e desafios exigentes à economia e ao trabalho. Atravessamos uma crise sanitária, social e económica como nunca antes vivemos.

Nalguns países, as queixas de violência doméstica triplicaram a partir da terceira ou quarta semana de isolamento. Nada indica que Portugal seja exceção.