Estado atribui a colégios privados GPS 81 milhões de euros nos últimos dois anos e meio

08 de December 2012 - 22:47

O Estado atribuiu aos colégios privados do grupo GPS uma verba de 81 milhões de euros nos últimos dois anos e meio. Três colégios viram, inclusive, aumentado o seu financiamento. Na semana passada, a TVI denunciou os fortes laços que unem este grupo ao poder político.

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Foto retirada do site da Junta de Freguesia da Venda do Pinheiro.

Na passada segunda feira, a TVI emitiu uma grande reportagem da jornalista Ana Leal sobre os colégios do grupo GPS, durante a qual são denunciados os fortes laços que unem este grupo ao poder político, as verbas avultadas transferidas pelo governo para os estabelecimentos que o compõem e as condições laborais que são impostas aos profissionais que trabalham nos colégios do grupo.

Já este sábado, a TVI volta a adiantar mais informações sobre o financiamento estatal dos 26 colégios que pertencem ao grupo privado GPS.

Numa altura em que o executivo do PSD/CDS-PP já anunciou que será na Educação que serão implementados parte dos cortes extraordinários negociados com a troika, e que ascendem a 4 mil milhões de euros, ficamos a saber que o Estado pagou 81 milhões e 360 mil euros nos últimos dois anos e meio ao grupo GPS, o maior grupo de colégios privados financiados pelo erário público.



Ainda que o atual governo argumente que nos locais onde estão implantados os colégios não existe oferta pública, justificando assim o financiamento dos mesmos, a TVI demonstrou que o ministério está a desviar alunos das escolas públicas para os colégios do grupo GPS e que existem escolas públicas subaproveitadas, com salas vazias, à espera de alunos que foram transferidos para os colégios privados.

Segundo os números publicados em Diário da República, os colégios do grupo GPS receberam, em 2010, uma verba estatal de 38 milhões de euros. Em 2011, o financiamento foi, por sua vez, de 30 milhões de euros e nos primeiros seis meses de 2012 de 14 milhões.

O Instituto D. João V, no Louriçal, foi o que teve maior financiamento, de 11 milhões e 270 mil euros. Segue-se o colégio Rainha D. Leonor, nas Caldas da Rainha, que recebeu 9 milhões e 94 mil euros e o Colégio Miramar, em Mafra, ao qual foram atribuídos 8 milhões e 802 mil euros.

Três colégios viram, inclusive, aumentado o seu financiamento, como é o caso do Colégio de Santo André. Este estabelecimento usufruiu de uma verba de 2.314.601 euros em 2010, de 2.550.127 em 2011 e, no primeiro semestre de 2012, já beneficiou de uma verba que ascende a 1.208.024 euros. O mesmo aconteceu com o colégio Rainha D. Leonor, que foi financiado pelo Estado em 3.563.277 euros em 2010, 3.816.352 euros em 2011 e ao qual já foi atribuído um financiamento de 1.710.784 no primeiro semestre de 2012. Já o colégio Miramar ficou com 3.390.576 euros em 2010, 3.693.035 euros em 2011 e 1.718.488 euros nos primeiros seis meses do presente ano.

Questionado pela jornalista da TVI sobre se irá manter o financiamento dos colégios do grupo GPS, o ministro Nuno Crato optou por não se pronunciar.