Há uma clara noção de que a possibilidade de alcançar uma maioria absoluta poderá estar dependente duns poucos milhares de votos. Por isso, ninguém tira o pé do acelerador. Por Nuno Moniz, de Atenas.
O momento histórico em que vivemos exige um sentimento positivo que combate o sentimento de derrota. Este último é o apanágio impregnado na esquerda por várias gerações.
São 38 as empresas que entre 2010 e 2012 foram poupadas fiscalmente em valores superiores a 10 milhões de euros. 2 mil milhões de euros foi o valor acumulado durante esse tempo: um terço do que está inscrito no Orçamento de Estado para 2014 para Educação e Ciência.
Durante 25 anos aproximadamente, quanto maior fosse a fortuna, maior fortuna teria. Em paralelo, quanto mais esta dinâmica se acentua, maior é a discrepância entre os 10% mais ricos e os outros 90%.
Em vários bairros do Porto, a privatizada EDP fez saber que o dinheiro é quem mais ordena. Tendo este monopólio sido privatizado, na verdade, qualquer preocupação social actual não faz parte das suas prioridade.
O PS tem de ser claro: rasgará o memorando e procurará construir uma alternativa na esquerda, sem este memorando? Ou a tentação do poder valerá o risco de em poucos meses decretar a sua inutilidade como partido?
Não deixa de ser hilariante que a troika apresente em jeito de balanço, que o que tem corrido mal não é a espiral recessiva que o plano delineado com quem assinou o memorando provocou, mas sim, a falta de jeito em comunicar as medidas e os seus resultados.
Às ideias do senso comum fortemente implantadas a sua denúncia não serve. É preciso discuti-las onde abrem caminho, ou seja, no debate político. Até porque “com vinagre não se apanham moscas”.