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Apresentação das moções em debate na VIII Convenção do Bloco

No início da tarde deste sábado, teve lugar a apresentação das moções políticas que se encontram em fase discussão na VIII Convenção do Bloco de Esquerda. Pela Moção A, Pedro Filipe Soares, afirmou que “esta é a hora, a hora do Governo de Esquerda”. “O nosso adversário é a troika e a direita, a linha de demarcação é o memorando”, afirmou João Madeira, pela Moção B.
Foto de Paulete Matos.

“Esta é a hora, a hora do Governo de Esquerda”

A Moção A foi apresentada por Pedro Filipe Soares, que começou por afirmar que, “embora na comunicação social a Convenção do Bloco tenha sido muito falada, referindo uma luta fratricida interna”, isso é sinal de “não nos conhecem, pois das nossas diferenças, nós juntamos forças”. “Fizemo-lo há 13 anos e fazemo-lo agora, no momento em que há alterações marcantes nos órgãos de direção do Bloco”, disse. “Conseguimos fazer a transição na unidade do Bloco, continuando o projeto que mudou e continuará a mudar a esquerda”, sublinhou.

Pedro Filipe Soares defendeu que “é preciso uma esquerda forte para responder ao país”, descrevendo que um ano de troika representou “o colapso da economia, com inúmeras falências, o desemprego a atingir 1.300 mil pessoas, um país onde 1 em cada 3 jovens não tem emprego e a quem o Governo aconselha a emigrar, os cortes nos apoios sociais e nos direitos laborais, a emigração que não parou de crescer”.

“E no próximo ano?”, perguntou, “o segundo ano da troika será pior, com o maior despedimento coletivo da história e o enorme aumento fiscal “. E isso “não lhes chega”, continuou, “querem que seja o ano da refundação do Estado Social, destruindo-se o que levou décadas a construir”. E o terceiro ano da troika, “será igual ao atual ano da Grécia, são os cortes draconianos para cair ainda mais fundo”.

Pedro Filipe Soares criticou António José Seguro que apenas “pede mais tempo”, “mas mais tempo é a Grécia” e Seguro não deverá esperar que Merkel seja mais ”meiguinha” com ele do que o é com Passos Coelho, avisou.

Ao contrário de quem “pede mais tempo para garantir melhores resultados eleitorais”, o Bloco de Esquerda defende que “é preciso romper com a troika já” e que “este Governo está a mais no país”. Pedro Filipe Soares reforçou a proposta de um Governo de Esquerda, “um governo onde não se entra com cartão, mas com convicção”, rompendo com a troika, exigindo a reestruturação da dívida, a reposição dos salários, dos direitos e “da vida das pessoas”.

“Somos realistas”, afirmou ainda, citando Miguel Portas. O deputado bloquista deixou bem claro que não é pela falta do Bloco que não se cria uma força de confluência das esquerdas, referindo o fato de PS e PCP já terem dito que não estão disponíveis para coligações nas próximas eleições autárquicas. Assim sendo, uma certeza: “todos nós estaremos envolvidos na construção de uma política clara e de esquerda, com candidaturas do Bloco para romper com o rotativismo nas autarquias”.

Pedro Filipe Soares referiu ainda que na próxima segunda-feira “Lisboa estará no centro da Europa” e que “Merkel não será bem-vinda – o país não se irá calar”. “O povo não se resigna à austeridade”, defendeu ainda, sublinhando que o Bloco não aceita que na democracia não haja escolhas e que “esta é a hora, a hora do Governo de Esquerda”.

“O nosso adversário é a troika e a direita, a linha de demarcação é o memorando”

Na intervenção de apresentação da Moção B, João Madeira começou por saudar delegados e convidados e salientar que a moção B se apresenta à Convenção “como um feixe de vontades, de energias, de camaradas de percursos diferentes, diferentes experiências de vida e de diferentes gerações”.

Depois de salientar que “vivemos na mais terrível das conjunturas desde o 25 de abril”, de denunciar diversos aspetos do empobrecimento e do ataque social, sublinhou que a direita “escorada na troika e no famigerado memorando” tem uma agenda “cada vez menos escondida” do embaratecimento dos custos de trabalho, e “agora com esta miserável ideia da refundação do regime uma tentativa de assalto final ao Estado Social”. João Madeira apontou então: “O nosso adversário é a troika e a direita, a linha de demarcação é o memorando”.

Considerando que a “capacidade de crescimento” do Bloco tem sido lenta, necessitando mais enraizamento social, “capacidade de estar com os movimentos sociais”, estar “não como partido, mas como ativistas sociais e políticos que somos”, destacou ser necessário centrar intervenção a nível local e dos movimentos e articulando com a frente parlamentar - “não pode ser o inverso”, disse. João Madeira frisou então que a “nossa identidade, a nossa tradição histórica não pode ser desbaratada” e apontou ser necessário para isso, “em relação ao PS e ao PCP, menos taticismo e mais desafio”, “mais audácia e menos acantonamento”.

Sobre o programa do governo de esquerda citou o texto da moção, referindo que só pode ser de “rotura com a política da troika” de “defesa do Estado Social”.
Referiu depois que o trabalho do Bloco exige “revalorização do trabalho local”, “participação nos movimentos sociais”, “enraizamento no movimento associativo” para “construir movimento social a partir de baixo” e também para desenhar intervenção autárquica.

João Madeira afirmou depois que “para um Bloco mais forte é preciso mais democracia e mais autonomia para as concelhias e núcleos”. Defendeu então uma “democracia radical e transparência absoluta nos processos eleitorais e nos processos de decisão”.

Para a Moção B, é preciso ultrapassar “lógicas de hegemonia partilhada, que se é verdade que ajudaram historicamente a construir o Bloco, hoje não fazem sentido”.

Apresentação da Moção A na VIII Convenção do Bloco

Apresentação da Moção B na VIII Convenção

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