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Governo promove eliminação dos enfermeiros da Emergência Pré-Hospitalar
A publicação em Diário da República do Despacho número 13794/2012, assinado a 8 de Outubro, pelo Secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, que atribui a técnicos “competências para prestação de cuidados de emergência médica pré-hospitalar e outros procedimentos” a não profissionais de saúde, no interior das ambulâncias de emergência médica, não só coloca em causa a qualidade e a segurança dos cuidados pré-Hospitalares prestados ao cidadão, como também abre a possibilidade de uma eventual usurpação de funções por parte dos mesmos.
Com a efetivação deste despacho o país está a recuar mais de duas décadas de trabalho na diferenciação de cuidados prestados ao cidadão em contexto pré-hospitalar.
Segue-se uma linha economicista, já antes implementada com a extinção de Enfermeiros no Centro de Orientação de Doente Urgente (CODU). Esta medida comportou um aumento de erro na triagem de situações emergentes, logo no tempo de assistência à população com necessidade imediata.
Regredimos desta forma para um nível em que a assistência pré-hospitalar era menos diferenciada, equiparando-nos ao nível de países que recorreram a este modelo para suprir a carência de enfermeiros nesta área. Regredimos sobretudo no conceito de assistência pré-hospitalar, afastando-nos da desejável prestação de cuidados o mais diferenciado possível com a maior brevidade, ou seja com a maior complexidade no local de ocorrência. Progredimos para uma estabilização rudimentar do utente, guardando para meio Hospitalar o grosso das medidas a instituir, acumulando minutos valiosos no processo de assistência emergente.
Um universo de 65.000 enfermeiros, dos quais 10.000 desempregados permitem responder a quaisquer carências, e otimizar o sistema de resposta. Um universo de enfermeiros com 4 anos de Licenciatura e múltiplas opções de formação especializada e pós-graduada na área do utente crítico e emergente, permite levar “à rua” a diferenciação das unidades de saúde hospitalares, minimizando ao máximo o tempo até à instituição de todas as medidas adequadas.
Pretende o Secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, que se substituam anos de formação, por alguns meses e que se valorize a aprendizagem por repetição ao invés da intervenção científica e estruturada, que só pode advir da formação exaustiva de um profissional de saúde. Agir pontualmente em situações de risco de vida, é linearmente diferente de desde o primeiro instante contribuir para que este risco de vida não se instale de forma irreversível.
Sendo ainda, que estes técnicos e respetivas ambulâncias só intervêm em meio urbano, está o Ministério da Saúde, na pessoa do Secretario de Estado, a contribuir para que se crie, entre meio urbano e meio rural, um maior fosso de desigualdade e iniquidade nos cuidados prestados à população.
A bem da segurança dos cidadãos não é possível permitir este retrocesso na diferenciação de meios pré-hospitalares. Salvaguardando o mérito dos homens e mulheres que se dedicam diariamente ao socorro, independentemente da sua formação, é preciso que se revejam estudos, que se deixe de parte a poupança cega e que se coloque ao serviço dos cidadãos e da sua saúde, para já um direito constitucional, os melhores meios para dela cuidar.
Será necessário sim, que se crie um modelo de Emergência pré hospitalar, que seja sustentável e que gere equidade e eficiência a longo prazo. Para isto é imprescindível uma diferenciação e profissionalização de recursos, garantindo sempre a segurança, qualidade e continuidade de cuidados desde o acontecimento até à unidade de saúde, passando pelo pré hospitalar.
Artigo de Enf. Tiago Pinheiro e de Enf. Pedro Aguiar (Conselho Diretivo Secção Regional Sul Ordem Enfermeiros)
Comments
Que disparate! Foram os
Que disparate! Foram os enfermeiros que boicotaram sua presença na EPH. Ao apenas quererem determinado tipo de serviços (previlegiados) e boicotando a entrada de novos colegas na EPH. Há quantos anos não entra um enf novo para uma VMER ou Heli? Será falta de Enf? Quantos empregos acumulam estes enf (Urgência, VMER, Heli, Formação, privado) relegando para o desemprego milhares de enfermeiros? Porque é que os Enfermeiros requisitados as SUB foram ao INEM ter formação e prepositadamente chumbaram no curso? E já q falam no CODU, relembro que foram os Enf que escolheram os requisitos para se fazer CODU, foram esses mesmos que boicotaram a entrada de novos Enf, foram os Enf "escolhidos" que passaram meses sem acrescentacem a minima mais valia que apregoavam ao serviço. É triste que o Esquerda.net se preste a este tipo de propaganda sem ter verificado que todas as histórias têm 2 lados. Rapidamente tinham chegado à conclusão que quem mais prejudica a classe da Enfermagem, é a Enfermagem.
A enfermagem tem muito a
A enfermagem tem muito a responder a si própria efetivamente. Demasiados tiros no seu próprio pé foram efetivamente dados. Agora em momento algum houve uma negação a integrar a Emergência Pré-Hospitalar. Pelo contrário, a formação nesta área tem crescido e tem-se aperfeiçoado. O problema do INEM na sua generalidade é ter demasiados cargos garantidos, com todo o tipo de profissionais de saúde a monopolizarem as oportunidades, o que em momento algum alguém defende. Agora privar a EPH de enfermeiros é privá-la dos profissionais de saúde com mais formação dedicada a tal.
Meu caro, concordo a 100%
Meu caro, concordo a 100% consigo, mas realmente, antes de atacarem os outros profissionais (o que tem sido hábido, médicos, TAE, Operadores, etc) talvez devessem responder a algumas perguntas:
- Porque razão chumbaram os Enfermeiros de proposito no curso SIV?
- Porque razão não entra um unico Enfermeiro novo nas VMER, mesmo quando saíram os TAS?
- Porque é que os Enfermeiros que iam para os CODU eram escolhidos por quem estava nas Delegações e entre os que já faziam VMER?
- Porque razão nos turnos CODU os Enfermeiros dormiam mais de metade do turno e não atendiam as chamadas das SIV? Aí já não eram essenciais?
Posso continuar, mas acho que já chega.
Um abraço
A presença nos Helis
A presença nos Helis parece-me difícil de garantir, uma vez que tem sido politica governativa deixar cada vez mais helis em terra. Os VMER têm tido algumas entradas, mas com o escasso número de veículos que existe não há capacidade de absorção de mais profissionais. No CODU houve uma perseguição aos enfermeiros e a cada dia os erros de triagem acumulam-se. Os operadores passam com recorrência chamadas que consideram inapropriadas para a Linha Saúde 24, que lhes são depois devolvidas por terem afinal critérios de ativação de meios. Acumulação de funções sim há na área da saúde. Porque não apontar dedo também aos médicos? Porque não apontar o dedo aos senhores TAE que prestam serviços em empresas de transporte privadas? A acumulação existe porque infelizmente o INEM não providencia à maioria a possibilidade de fazer da EPH a única ocupação. As escalas por exemplo da VMER não incluem ninguém a full-time.
Meu caro, Os TAE acumulam sim
Meu caro, Os TAE acumulam sim funções em empresas de transporte privado e de prevenção a eventos, mas não será por falta de pessoal qualificado para o efeito? O nivel que se pretende é de um tripulante, nem acima, nem abaixo. Nas VMER e Heli será que é por falta de meios, por falta de enf ou por lobby? Nas VMER aqui à minha volta, sairam os TAS e nem um Enf entrou... Até hoje.
Nos CODU tb ñ o percebo. A triagem e respectivo resultado é determinado pelo fluxo (validado por médicos) e não porque um operador lhe apetece. Tem a certeza que sabe como um CODU funciona? Alguma vez viu um Enfermeiro a fazer atendimento e triagem para dizer que a partir da saída destes os erros de triagem se acumularam? É que os Enfermeiros se limitavam a receber passagem de dados de SBV (sem validações) e das SIV (o Enf não valida nada). Acha mesmo q se justifica ter ali um Enf para atender 3 ou 4 chamadas por turno e para fazer o que um simples operador tb faz (passar dados ao médico para este validar)?
A ineficácia da EPH passa por
A ineficácia da EPH passa por ter meios demasiado escassos, e a discussão não se cinge a ressabiamentos com a enfermagem mas sim à qualidade de cuidados prestados aos cidadãos que têm a saúde por direito fundamental.
O que não se pode admitir, é que apenas para uma perspectiva de economia salarial, se aniquile a enfermagem da EPH. Haja mais meios, haja possibilidade de exercer no pré-hospitalar a tempo inteiro e os enfermeiros dirão presente. Não os enfermeiros do passado, mas sim os do presente e os do futuro
Respeito mas nenhuma das suas
Respeito mas nenhuma das suas questões faz o mínimo sentido para quem defende um pré-hospitalar com qualidade. Pouco me importa o que faziam os enfermeiros em testes ou noites passadas, até porque falamos de um grupo minoritário. Tal como não cabe aos enfermeiros decidir entrada nas VMERS. Se pode existior algum lobby sim sem duvida, mas não concordo com ele. Agora a mais valia de um enfermeiro em cada uma das funções é inquestionável. Foca-se no atendimento às SIVS mas o essencial é o atendimento à população, e aí acredite que convivo com erros bábaros.
Na minha opinião modesta, e reconhecendo mérito a todos que o têm independentemente da sua classe profissional, há enfermeiros em número suficiente para garantir tripulação de veículos de emergência e o atendimento de CODU.
Qualquer estudo recente prova
Qualquer estudo recente prova a vantagem em ter enfermeiros na triagem telefónica (veja o exemplo da Saúde 24), bem como todos os modelos de pré-hospitalar apontam na mais valia de profissionais o mais diferenciado possível no 1º contacto para tornar mais célere uma intervenção mais complexo. Há e haverá polémica, porque em Portugal se gerou uma classe de tripulantes de ambulância e socorristas , mas com todo o seu muito mérito, não podemos esquecer que os enfermeiros tem toda uma vertente formativa mais complexa, não baseada só na experiência prática, mas em toda a dimensão da intervenção
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