A humanidade sempre ambicionou a previsão do futuro; os receios e hesitações seriam esvaziados de sentido e cada ação deixaria de ter uma sequela imprevisível, poupando-nos a horas de angústia e indecisão.
Tornou-se normal que o cidadão comum não possa ousar exigir saúde ou sequer dignidade na doença; tornou-se usual o desastre, e inesperado seria que algo funcionasse bem quando os protagonistas deste filme de terror se mantêm.
Querendo desculpar-se pela Legionella, encontrou o parasita Paulo nos enfermeiros e suas reivindicações a desculpa fácil, apoiado, mais uma vez, pelo jornalismo sensacionalista.
Hoje algum enfermeiro deixa as seringas, as habilidades e os conhecimentos para segurar em meia dúzia de peças de roupa e uma mão cheia de esperança e partir rumo ao desconhecido; desenganem-se os que pensam que partimos para a riqueza, antes fugimos do mau trato, da desvalorização.
Exausto é um adjetivo a acrescentar aos mais de 65.000 enfermeiros que servem este país. Não merece senhor Ministro Paulo Macedo os enfermeiros que tem.
O Portugal daí não se entende aqui. Entende quem explica, quem sonha um dia voltar. Afinal o Portugal daí também é dos Portugueses daqui, os que não desistem, os que daqui gritam para ai, tentando também se fazer ouvir.
A emigração é bode expiatório para a paupérrima governação, é a expiação de todos os infortúnios, é a justificação de argumento vazio e desleixado dos que não entendem homens e mulheres de todo o mundo como seres humanos de igual direito.