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A escolha é sua: socialismo ou depressão

O que é comum a todos os atuais dirigentes capitalistas é que, mesmo compreendendo a gravidade da situação, são incapazes de mudar o curso dos acontecimentos.

Vivemos, provavelmente, o período mais complexo da história humana. Neste exato momento, são necessárias respostas para nada menos que 7 mil milhões de pessoas que formam a população do planeta. Ao chegarmos neste ponto, o que encontramos é uma fenomenal crise, social, económica e política. Isso é um facto compreensível para qualquer adulto. Estamos perplexos diante de uma realidade que nos aflige, assusta e, em muitos casos, desespera. A questão é escolher como sair de um lugar onde a maioria se encontra desconfortável, indignada, revoltada e, muitas vezes, anestesiada pelas diversas formas que se apresenta o conformismo, mesmo aquele aparentemente radical.

A Europa cumpriu o papel principal no desenvolvimento da sociedade atual. Foi nessas terras que se iniciou a queda do sistema feudal, cujos resquícios permanecem sob a forma de asquerosas monarquias, que ainda sobrevivem à sua morte histórica (Inglaterra, Japão, Espanha, Arábia Saudita, Butão...). Foi a Europa o motor da revolução industrial e do desenvolvimento do capitalismo, revolucionário no seu início. Mas foi também a Europa que arrastou a humanidade para duas guerras mundiais, surgindo desse processo a ordem mundial que impera até hoje. E agora, mais uma vez, a Europa cumpre um papel fundamental no desenvolvimento histórico. Todos sabemos que existe uma crise mundial, mas, objetivamente, é a Europa que está a arrastar todo o planeta para uma crise sem precedentes na história humana. Para uma penúria e sofrimento que nem os mais ousados e agudos pensadores são capazes de imaginar.

A depressão económica na Europa não é mais uma possibilidade teórica, difundida por economistas que apenas querem provocar polémicas ou por radicais dos mais variados matizes. A depressão económica já faz parte da realidade na Grécia. Está a bater às portas de Portugal, da Espanha e de outros países, do Leste europeu. Ou será que já entrou por essa porta? Onde se encontra a linha divisória entre crise económica, agudização da crise económica, crise económica grave, crise económica brutal, início da depressão, depressão grave, depressão insuportável?

Nós podemos debater essas nuances, mas, para aqueles que não tem trabalho; para aqueles que não conseguem pagar as suas prestações de moradia, as suas contas de água e de luz e são despejados; para aqueles que não têm mais o que comer, não se trata de polémicas teóricas, mas sim de uma realidade muito sofrida e dura.

No início de 2011 escrevi um artigo onde descrevia o ano de 2010 como o ano das greves gerais. Este ano de 2012 ainda não acabou, mas não fica atrás com a quantidade de greves gerais realizadas ou por realizar. Por que as greves gerais continuam a ocorrer? A resposta é simples: porque a crise mundial se aprofunda. Essas greves gerais resolveram alguma coisa? Não, mas, certamente, impediram que as coisas ficassem piores, em certo sentido, apenas em certo sentido.

A questão agora não é apenas defender-se de ataques dos governos ou da troika. Todos os dirigentes capitalistas, Obama, Merkel, Rajoy, Passos Coelho, Monti, Hu, Noda, Singh, e os seus aliados, como o socialista Hollande ou Dilma, têm plena consciência de que a situação já passou dos limites. Mesmo o FMI é obrigado a reconhecer que a política de cortes foi catastrófica, foi receitar veneno para a cura do paciente.

Os dirigentes capitalistas, em particular a senhora Merkel, querem que acreditemos que é possível que uma baleia, a baleia da Comunidade Europeia, voe. Mas, mesmo que tomasse uma garrafa inteira de tequila, espremendo até a última gota, não sei se seria capaz de acreditar nesse disparate. O que é comum a todos os atuais dirigentes capitalistas é que, mesmo compreendendo a gravidade da situação, todos são incapazes de mudar o curso dos acontecimentos. Não me refiro apenas aos problemas europeus, mas, também aos 7 mil milhões de pessoas, a maioria delas vivendo na pobreza, miséria e, inclusive, na indigência. O capitalismo está a empurrar-nos para uma catástrofe bárbara, é a expressão mais reacionária de um sistema que esgotou as suas possibilidades históricas. As fotos de todas as manifestações no globo mostram a violenta repressão das polícias anti-distúrbios. Sem prestígio político, sem nada a oferecer além da miséria crescente, a única forma de defender os seus interesses é através da repressão brutal sobre os manifestantes, ou das guerras, como vemos, em particular, no mundo árabe.

A greve geral ibérica, marcada para o próximo 14 de novembro, absolutamente necessária, justificada, só pode ser um passo. Um passo importante, diga-se desde já. Mas não podemos deixar de analisar a situação na Grécia, onde, depois do início da recessão, que se tornou depressão económica, já foram realizadas 20 greves gerais. O exemplo grego, lamentavelmente, mostra que meias respostas não resolvem os problemas, apenas esticam o prazo do nosso sofrimento.

O tempo já se esgotou. Ou lutamos nas ruas, com manifestações gigantes ou greves gerais, que não sejam apenas de um dia, com o objetivo concreto de derrubar os governos da troika e barrar a crise, formando governo socialistas, organizados pelas bases, ou aceitamos as consequências de fazer as coisas pela metade. Podemos fazer a nossa história, agora!

A ESCOLHA É SUA: SOCIALISMO OU DEPRESSÃO.

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