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Louçã: "A festa da troika tem de acabar"

Num comício no Barreiro, Francisco Louçã falou da crise europeia, da greve geral e respondeu a Paulo Portas, dizendo que o único voto solidário é contra o Orçamento de Estado, a troika e o Governo.
Foto Paulete Matos.

"Neste Orçamento só há um voto solidário com os desempregados, que é o voto contra o OE e por uma política de investimento. O voto solidário é um voto contra a troika e pela demissão do Governo de Passos Coelho e de Paulo Portas", afirmou Louçã, considerando o "voto solidário" de Portas a favor do OE como uma desculpa para fugir à crise política.

"Temos de nos juntar com todos aqueles que partem do princípio dessa sensatez de enfrentar a troika e de lhes dizer que já basta de festa, acabou a festa dos juros, a festa da dívida, a festa dos défices, do empobrecimento, da mentira e do cinismo. Essa festa acabou!", afirmou o deputado do Bloco no Auditório da Biblioteca Municipal do Barreiro durante a sessão pública em que António Chora apelou à participação na greve geral de 14 de novembro e a deputada Mariana Aiveca teceu duras críticas aos cortes previstos em vários setores no Orçamento de Estado para 2013.

Sobre a posição do PS nas últimas semanas, Louçã considerou que o partido de António José Seguro está a fazer um "jogo perigosíssimo", do quanto pior melhor à "espera que o fruto caia de maduro". Pelo contrário, Louçã defendeu que "não temos nenhum direito de adiar a resposta que só o povo pode dar em nome de calculismo" e que "romper com a troika significa dizer à Europa que agora começamos uma negociação nova".

Europa em crise, visita de Merkel e a Greve Geral

Louçã referiu-se ainda a mais uma cimeira europeia sem soluções à vista para a crise social que avança no sul da Europa. "Em mais de cinco anos houve quase 30 cimeiras europeias e a UE não teve nenhuma capacidade de resposta a não ser para agravar a crise, para diminuir a democracia, para ameaçar os países e para facilitar a vida ao capital financeiro. A finança dominou a Europa como nenhuma ditadura domina os seus povos", declarou, acrescentando que "foi em nome da finança que a troika veio impor uma austeridade que é uma enorme transferência e essa transferência tem um nome: é roubo. Roubo dos salários e das pensões para o capital".

Sobre a intenção anunciada por Merkel nas vésperas da cimeira de instituir um direito de veto sobre os orçamentos, Louçã diz que "a UE já ensaiou muitas formas de autoritarismo. Nunca chegou a este ponto mas tem caminhado para lá. Por isso fica tão claro que uma resposta europeia é necessária".

Louçã defendeu ainda que a Europa está a renascer com a greve geral de 14 de novembro em Portugal e Espanha. "Que orgulho é para nós" haver grandes manifestações também em Atenas, Barcelona, Madrid, de "gente que tem a consciência que por sermos europeus estaremos juntos a combater Merkel, Monti, Passos Coelho e todos estes governantes que querem arrastar cada um dos seus países para a miséria e o empobrecimento".

"Não se pode voltar atrás depois disto. Haver uma greve geral ibérica é um sinal extraordinário de maturidade do movimento operário e do movimento sindical", prosseguiu o dirigente bloquista, que apelou à participação dos reformados e comerciantes na greve geral de 14 de novembro.

"Quero agradecer a Merkel o impulso que vem dar à greve geral dois dias antes, a 12 de novembro", ironizou, lembrando que em Atenas já houve grandes manifestações contra esta "arrogância imperial" de quem vem dar ordens a um país e dizer 'nós temos de empobrecer para pagar aos bancos alemães'".

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