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Passos apanhado nas escutas do "Monte Branco"

A investigação à rede de branqueamento de capitais e fraude fiscal apanhou uma conversa entre o primeiro-ministro e um dos alvos das escutas telefónicas na operação "Monte Branco". A dois dias de abandonar o cargo, Pinto Monteiro enviou a escuta ao Supremo Tribunal para ser validada.
Passos Coelho em Bucareste: o primeiro-ministro não comenta a conversa que manteve com suspeito do "Monte Branco". Foto PPE/Flickr

A notícia faz manchete da edição do Expresso este sábado e revela que depois de Miguel Relvas - o primeiro membro do Governo apanhado nas escutas do "Monte Branco", à conversa com o presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI) - o próprio primeiro-ministro também falou ao telefone com um dos alvos da investigação. O semanário não conseguiu apurar até ao fecho da edição a identidade da pessoa sob escuta naquele telefonema, mas para além de José Maria Ricciardi, do BESI, também Ricardo Salgado, a primeira figura do grupo Espírito Santo, teve o telefone sob escuta no âmbito deste caso.

O gabinete de Passos Coelho não quis comentar a notícia, que indica também que o procurador Rosário Teixeira, à frente desta investigação, não especificou no pedido de validação a razão das suspeitas no teor da conversa. A gravação foi entregue num CD por Cândida Almeida, diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, ao Procurador Geral da República. E no penúltimo dia do seu mandato à frente da PGR, Pinto Monteiro encaminhou o pedido de validação ao Supremo Tribunal, o órgão que pode autorizar a utilização de escutas onde participe o chefe do Governo.

Monte Branco: fuga ao fisco e lavagem de dinheiro

A investigação deste caso resultou na detenção de quatro banqueiros (dois dos quais permanecem em prisão preventiva) e um empresário com uma loja de medalhas na baixa lisboeta. Segundo o Expresso, Francisco Canas, ou 'Zé das Medalhas", terá entregue aos investigadores a lista dos seus clientes, que durante vários anos entregavam malas de dinheiro na loja de medalhas e aguardavam que Canas o depositasse na sua conta no BPN de Cabo Verde, antes de o transferir de volta para uma sucursal do BPN em Portugal ou para contas no estrangeiro. 1% do valor da transferência ficava na conta do "Zé das Medalhas", a título de comissão.

Um dos clientes mais valiosos da rede foi o advogado e ex-deputado do PSD Duarte Lima, que também responde na justiça por ter defraudado o BPN. O Expresso cita fontes próximas da investigação e de Duarte Lima, que estão longe de coincidir sobre o montante da sua lavagem de dinheiro: a polícia fala em 30 milhões, Lima não admite mais de 2 milhões.

Os arguidos já constituídos nesta rede terão usado a empresa suíça Akoya Asset Management para montar um esquema de fuga de capitais do país usado por figuras ligadas à banca e à alta finança. Muitos dos nomes surgem na mira dos investigadores pela segunda vez, depois de terem sido apanhados na "Operação Furacão", que também investigou crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais. 

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