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Madrid: Milhares de manifestantes mobilizaram-se para “resgatar a democracia”

A iniciativa “Cercar o Congresso” mobilizou milhares de pessoas que se insurgiram contra as medidas de austeridade e exigiram a demissão do governo de Rajoy e a abertura de um novo processo constituinte "transparente e democrático".
Foto divulgada pela Juventud sin futuro.

Os manifestantes concentraram-se, na sua maioria, na Praça Neptuno, nos arredores do Congresso dos Deputados, durante o plenário que teve lugar esta terça feira. Para o local foi mobilizado um aparatoso contingente policial, composto por 1300 agentes da polícia de choque, oriundos de 30 dos 52 grupos operacionais das Unidades de Intervenção Policial de toda a Espanha. O local foi ainda patrulhado por polícias a cavalo e por polícias acompanhados de cães.

Alguns elementos terão tentado transpor as barreiras policiais e terão arremessado alguns objetos aos elementos da polícia de choque, ao que estes responderam com inúmeras investidas indiscriminadas contra os manifestantes, e com o recurso a balas de borracha e a gás lacrimogéneo. Ainda assim, a polícia de choque não conseguiu dispersar todas as pessoas que se concentraram no local.  

No início da noite, a imprensa espanhola dava conta da detenção de mais de duas dezenas de pessoas, sendo que o primeiro detido foi um manifestante que trepou à barreira de segurança para tentar hastear uma bandeira do Sindicato Andaluz de Trabalhadores. Os media contabilizavam também mais de 60 feridos. Uma das vítimas da repressão policial encontra-se em estado grave.

Durante o protesto, os deputados do Bloque Nacionalista Galego (BNG), da Compromís, de Valência, e da Izquierda Unida foram os únicos a aproximar-se e a conversar com os manifestantes.

"Resgatar a democracia"

Esta iniciativa, convocada pelos coletivos Plataforma ¡En Pie! e Coordinadora #25s, constituiu uma “resposta aos cortes do governo e ao sequestro da democracia” em favor dos grandes interesses financeiros.

No dia 25 de setembro, “rodeamos o Congresso dos Deputados para resgatá-lo de um sequestro que converteu esta instituição num órgão supérfluo”, anunciaram os promotores da iniciativa, adiantando que este “sequestro da soberania popular é levado a cabo pela troika e pelos mercados financeiros e é executado com o consentimento e a colaboração da maioria dos partidos políticos”, que “traíram os seus programas eleitorais, os seus eleitores e a cidadania em geral, não cumprindo promessas e contribuindo para o empobrecimento progressivo da população”.

“Rodeamos o Congresso para dizer-lhes” que “não obedeceremos às suas imposições injustas, como a de pagar a sua dívida, e que defenderemos os direitos coletivos: a habitação, a educação, a saúde, o emprego, a participação democrática, o rendimento. Para iniciar um processo que permita que os responsáveis da crise deixem de ser impunes, para que os pirómanos que provocaram a nossa crise não sejam recompensados e comecem, em alternativa, a ser julgados”, avançam ainda.

No manifesto de convocação do “Cerco ao Congresso”, é exigida a demissão do governo, assim como a dissolução do Parlamento e do Conselho de Estado, e a abertura de um “processo constituinte transparente e democrático”, a fim de redigir uma nova constituição. São ainda reivindicadas medidas como: uma auditoria à dívida pública espanhola, a reforma da lei eleitoral, uma profunda reforma fiscal e a derrogação imediata dos cortes e de todas as reformas contra o estado de bem-estar, que “pressupõem restrições de direitos e liberdades da cidadania".

Várias outras cidades espanholas foram também palco de concentrações. Em Barcelona, o coletivo "Acampada de Barcelona" - associado ao movimento 15 M -- promoveu o protesto "cercar o parlamento" regional.

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