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João Semedo: “A luta social é a única forma de derrotar a política de austeridade”

Em entrevista ao esquerda.net, João Semedo refere que o Governo PSD/CDS, “pressionado pela gigantesca manifestação de 15 de setembro”, foi obrigado a recuar na TSU, mas alerta que o governo vai agravar a austeridade e salienta: “Não há memória de um governo que tenha aumentado tanto os impostos de quem vive do seu trabalho como este governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas”.
15 de setembro em Lisboa - Foto de Paulete Matos

O esquerda.net entrevistou o deputado João Semedo do Bloco de Esquerda, sobre o recuo do governo na TSU e as medidas anunciadas por Passos Coelho nesta segunda feira. Para o dirigente do Bloco o governo finge aliviar a austeridade, mas vai intensificá-la e lembra que “o povo desceu à rua contra a austeridade imposta pela troika e pelo governo, contra mais sacrifícios inúteis e desiguais, chame-se TSU ou IRS”.

O deputado salienta também que as medidas governamentais reforçam o apelo a uma moção de censura convergente de toda a oposição ao governo, apresentada pela mesa nacional do Bloco.

João Semedo apela ainda a uma grande mobilização para a manifestação de 29 de setembro e frisa: “ O único travão a esta política, a única forma de a derrotar e correr com o Governo é a luta social”.

Como avalias as medidas anunciadas por Passos Coelho, nesta segunda feira?

João Semedo: Pressionado pela gigantesca manifestação de 15 de Setembro e pelo coro de protestos que se ouviu por todo o país, o governo viu-se obrigado a recuar na TSU e tenta agora enganar-nos, fingindo que alivia a austeridade quando na realidade a vai intensificar, através de um aumento generalizado do imposto sobre os rendimentos do trabalho incidindo sobre todos os trabalhadores e incluindo os pensionistas e reformados. O povo desceu à rua contra a austeridade imposta pela troika e pelo governo, contra mais sacrifícios inúteis e desiguais, chame-se TSU ou IRS. Os portugueses estão fartos de serem sistematicamente as vítimas da troika e do governo, ao mesmo tempo que para a banca, os grupos financeiros e o patronato o governo só distribui facilidades. Que irá fazer desta vez o CDS? Silenciar mais um aumento de impostos como sempre tem feito desde que está no governo com o PSD? Não há memória de um governo que tenha aumentado tanto os impostos de quem vive do seu trabalho como este governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.

O Bloco apelou a uma moção de censura, mantém-no?

João Semedo: O Bloco considerou no sábado que era necessário que a oposição no parlamento censurasse a política de austeridade e que essa condenação poderia e deveria assumir a forma de uma convergência numa moção de censura ao Governo. As medidas que são agora anunciadas confirmam o agravamento da austeridade, dão razão à posição do Bloco de Esquerda e teria uma enorme importância para derrotar as propostas do Governo que toda a oposição convergisse numa censura ao Governo. Julgo que se pode dizer que o que sabe hoje das intenções do Governo reforça o acerto da posição da mesa nacional do Bloco de Esquerda.

Para além desse apelo do Bloco, o que é preciso fazer mais neste momento?

Julgo que o essencial agora é intensificar o protesto social, o movimento social, a luta social em todas as formas que pode assumir, desde as grandes manifestações, os grandes protestos de rua, até à greve geral. Não é o Conselho de Estado, nem será o patronato, nem serão os grupos financeiros que poderão parar a ofensiva do Governo contra os salários de quem trabalha e as pensões e as reformas de quem passou uma vida a trabalhar. O único travão a esta política, a única forma de a derrotar e correr com o Governo é a luta social. Desde já na manifestação de 29 de setembro, convocada pela CGTP. O Bloco mobilizará em força para contribuir para uma grande manifestação que mais uma vez aponte a porta da rua ao Governo.

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