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O início de um caminho
A manifestação deixa à vista uma generalizada compreensão do resultado da política do memorando. A troika e a direita não têm outro plano: a destruição do contrato social, do salário e dos serviços públicos, é o único caminho que concebem. Por isso estas manifestações identificam tão espontaneamente o “Que se lixe a troika” com o “Passos rua!”. O governo perdeu o consenso. Que Seguro registe: não há conciliação possível entre a aplicação do memorando – a que o PS, mesmo votando contra o orçamento, continua amarrado - e qualquer rumo aceitável para o povo.
Esta manifestação não é um “grito de alma”. Ela assinala uma ampla disponibilidade para a luta, confirmando múltiplos sinais, localizados ou sectoriais (como a greve dos médicos), ao longo das últimas semanas. Mas quem luta quer resultados – e essa é uma interpelação a quem responde pelo movimento sindical e pela esquerda.
A CGTP tem de acertar o relógio. Três dias antes da manifestação, Arménio Carlos explicava a convocatória de uma manifestação sindical para 29 de Setembro com a necessidade de “uma ocasião para as pessoas se manifestarem”. Como está à vista, as pessoas já não tinham esse problema. A CGTP é agora insubstituível na resposta ao novo problema de quem se manifestou: como prosseguir a mobilização para o derrube do governo e para o fim da austeridade?
Na Praça de Espanha, o coletivo organizador apelou aos sindicatos para a marcação, no curto prazo, de uma greve geral. Têm razão: a greve geral é a única forma de combate conjunto ao governo da troika que pode desenvolver os patamares de mobilização ontem alcançados. Essa greve deve ser uma experiência nova para o movimento sindical, partindo da capacidade de indignação, da ocupação do espaço público e da criatividade popular demonstrada. Paralisar o país, desde ontem, pode significar outra coisa.
Esta manifestação é a primeira de muitas e a próxima greve geral também terá outras pela frente. Ora, esse combate prolongado, para ter convergência, precisa de objetivos claros. É a isso que o Bloco chama um governo de esquerda: um campo político de rutura com a troika e com a austeridade, um programa essencial para responder ao colapso do emprego (anulação da dívida ilegítima e renegociação; taxar o capital; controlo público da banca). A manifestação de ontem diz-nos que há um povo que já arrancou. E pode ir por aí.
Comments
Início de um caminho?
Início de um caminho? Parece-me de um baixo nível essa afirmação. Que dizer das duas greves gerais (24 de Novembro de 2011 e 22 de Março de 2012)? Das grandes manifestações realizadas, com especial destaque para a de 11 de Fevereiro? Da dura luta travada nas empresas e sectores, algumas das quais resultaram em vitórias?
Uma coisa é valorizar uma determinada acção; outra, bem diferente, é fingir que foi a primeira e que resultou de geração espontânea, sem nada por detrás. Isso que diz pode valer-lhe muitos «likes» no Facebook, mas é profundamente desonesta, como bem sabe, aliás. O ataque mais ou menos velado que faz à CGTP - que tem travado a luta com heroísmo e sem televisões a seu lado, bem pelo contrário - é um contributo para tudo menos para a tal alternativa que diz que o Bloco defende, e que ainda não percebi qual é. Este texto, desculpe-me que lhe diga, é de um oportunismo atroz.
Caro Vasco, que a direcção da
Caro Vasco, que a direcção da CGTP não tenha conseguido antecipar o significado da mobilização que se aproximava a 15 de Setembro, é uma pena e um erro (que não está isento de crítica - até porque pode ser corrigido, sem sectarismo e com uma agenda que amplie as lutas). Pior é não perceber a mensagem de um milhão de pessoas... dois dias depois. Ainda está a tempo.
O início de um caminho faz-se
O início de um caminho faz-se caminhando. No dia 15 de Setembro fomos muitos a caminhar no mesmo sentido, contra a Troika, contra a austeridade.
Para muitos o caminho acabou na chegada à Praça de Espanha, para muitos mais a marcha serviu para encontrar novos caminhos de luta.
A greve é dos instrumentos de luta mais poderosos para dizer basta, é tempo de mudar. E os tempos estão a mudar!
A Greve Geral depende do acordo dos trabalhadores, dos estudantes, dos desempregados e de todos e todas que com ou sem representação sindical querem continuar o caminho da luta pelas suas vidas.
Precisamos de uma greve geral, de construir alianças populares, de fazer crescer a resistência e combater este governo e estas políticas.
Que não sejam as centrais sindicais a fazer-nos esperar, pois as pessoas estão mobilizadas, dispostas a lutar. Vamos juntos contruir o caminho para a greve geral.
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