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“Não há professores a mais, há escola a menos”

Fenprof e FNE reagem à entrevista do ministro da Educação em que este afirma que há docentes a mais e que a redução é inevitável. Os sindicalistas afirmam que as políticas de Nuno Crato é que são as responsáveis pela redução do número de professores, e não qualquer inevitabilidade.
Seis mil professores que eram contratados há mais de dez anos ficaram este ano sem trabalho. Foto de Paulete Matos

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof), e a Federação Nacional da Educação (FNE) criticaram a entrevista do ministro da Educação ao semanário Sol em que este afirma que há professores a mais em Portugal e diz não esperar que haja contestação aos despedimentos maciços de docentes que tem provocado.

Para Mário Nogueira, da Fenprof, o sistema de ensino "não tem professores a mais", mas "escola a menos". O sindicalista mostrou que a política do Ministério de criar "mega agrupamentos", de aumentar o número de alunos por turma e de promover uma revisão curricular “que eliminou disciplinas que continuam a ser necessárias às escolas e aos alunos" é a responsável pela redução do número de professores.

"Não vale a pena fazer demagogia. O que conta aqui não é o rácio de alunos por professor. É o número de alunos que, quando está dentro da turma, cada professor tem pela frente", alertou Mário Nogueira, referindo-se à afirmação de Crato de que Portugal tem menos alunos por professor do que a Áustria.

Mário Nogueira lamentou ainda que a tutela se refira, com desrespeito, aos professores contratados com muitos anos de serviço e que não estão nos quadros, chamando-lhes de "candidatos a professores". Há seis mil professores que eram contratados há mais de dez anos e que ficaram este ano sem trabalho, não entrando sequer em ofertas de escola.

Haverá contestação

Quanto à afirmação do ministro de que não haverá contestação à sua política, Mário Nogueira disse: “Percebo a vontade que o senhor ministro tem de que as pessoas engulam aquilo que ele está a fazer. Ter fé é uma coisa a que todos têm direito, mas não é isso que vai resolver nem os problemas do ensino, nem o descontentamento e insatisfação dos professores”, afirmou, garantindo que haverá contestação.

Já o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, também negou que haja professores a mais, e afirmou que “há disponibilidade para, se for necessário demonstrar o descontentamento e dar expressão às reivindicações daqueles que representamos, promover iniciativas de rua”.

Vamos continuar a assistir a necessidades muito limitadas de contratação”

Na entrevista, o ministro, apesar de considerar a situação dos docentes “humanamente preocupante”, defende que a redução do número de professores “é algo de inevitável” e que se manterá nos próximos anos.

No início do mês, o Ministério da Educação anunciou que dos 51.209 candidatos sem vínculo à Função Pública que se apresentaram ao concurso para contratação inicial ou renovação do contrato, apenas ficaram colocados 7.600 docentes, menos 5.147 professores do que no ano letivo passado. Ao todo, 40 mil professores ficaram sem lugar nas escolas, mais cinco mil do que no ano letivo anterior, de acordo com os dados divulgados pelo Ministério na semana passada.

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