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Angola: MPLA ganha eleições com maioria absoluta

O MPLA ganhou as eleições gerais com uma maioria qualificada (72,24% dos votos) e José Eduardo dos Santos foi eleito indiretamente Presidente da República, obtendo pela primeira vez, em mais de três de décadas, a legitimidade num processo eleitoral completo para exercer o cargo. Oposição angolana diz que houve fraude na contagem dos votos.
José Eduardo dos Santos foi automaticamente eleito Presidente da República, na qualidade de número um da lista do seu partido, obtendo pela primeira vez em mais de três de décadas a legitimidade num processo eleitoral completo para exercer o cargo.

Segundo a última atualização da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) obteve 72,24 por cento dos votos, estando escrutinados 90,71% por cento dos boletins e 90,81% por cento das mesas de votação. Em segundo lugar, nos totais nacionais dos resultados provisórios, surge a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), com 18,47% dos votos, e em terceiro a Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), com 5,91%.

O Partido de Renovação Social (PRS) aparece com 1,72% e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) com 1,07%.

Recorde-se que há partidos, como o Bloco Democrático, que foram impedidos pelo Tribunal Constitucional de participar nas eleições.

De um total de cerca de 9,7 milhões de eleitores inscritos, estavam escrutinados 8,9 milhões de votos. A taxa de participação está próxima dos 57%, com os votos em branco a chegarem aos 4% e os nulos a ultrapassarem os 2%.

À luz destes resultados provisórios, o MPLA renova por cinco anos o mandato no poder, que exerce desde a independência de Angola, em 1975.

De acordo com a Constituição aprovada há dois anos, José Eduardo dos Santos foi automaticamente eleito Presidente da República, na qualidade de número um da lista do seu partido, obtendo pela primeira vez em mais de três de décadas a legitimidade num processo eleitoral completo para exercer o cargo.

Já Manuel Vicente, ex-administrador da petrolífera estatal Sonangol, número dois da lista do MPLA, foi eleito automaticamente vice-Presidente da República.

À semelhança das legislativas realizadas em 2008, o partido no poder ganhou a votação com larga margem em todas as 18 províncias do país. A UNITA obteve o segundo lugar em 15 províncias, perdendo esta posição apenas no Cuanza Norte e Namibe para a CASA-CE e na Lunda Sul para o Partido da Renovação Social (PRS).

Oposição angolana diz que houve fraude na contagem dos votos

Líderes da UNITA e da CASA-CE alegam irregularidades na contagem dos votos e admitem avançar com pedido de impugnação.

Neste domingo, a UNITA anunciou, num comunicado divulgado no seu site, que se prepara para apresentar documentos que mostram que os resultados difundidos pela CNE "não são os mesmos que foram contabilizados pelos fiscais nas assembleias de voto em diferentes partes do país". O partido assegura que também a coligação eleitoral CASA vai "contestar as eleições".

Apesar das polémicas em torno das eleições e dos vários alertas de fraude que levaram a uma ameaça de impugnação da votação pela UNITA, as votações decorreram na sexta-feira com aparente tranquilidade. Na véspera, houve a detenção de seis membros da CASA-CE, depois de estes terem alegadamente arrombado a sede da Comissão Eleitoral para reclamar credenciais de monitores (das 6850 credenciais requisitadas, só terão sido atribuídas 3000, o que impedia a presença em milhares de assembleias de voto).

O antigo presidente cabo-verdiano Pedro Pires, chefe da missão de observadores da União Africana que acompanhou as eleições, considerou no final do dia de sexta-feira que a organização do escrutínio foi "satisfatória". Contudo, não houve observadores nem da União Europeia nem dos Estados Unidos e muitas embaixadas que requisitaram credenciais de monitores não as obtiveram.
 

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