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Viana continuará a ser cidade anti-touradas

Ex-autarca critica decisão de Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga que viabilizou tourada na cidade que proibira a realização desses eventos em 2009. Promotores da Prótoiro afirmam que “caiu a Catalunha portuguesa”. Câmara pretende continuar a aplicar a decisão que impede as touradas no concelho.
“Viana do Castelo continuará a ser uma cidade anti-touradas, não há localização sequer para as receber”, disse Defensor Moura. Foto de ARMENIO BELO/LUSA

A comemoração dos dirigentes da comissão executiva da federação Prótoiro, que organizou a tourada este domingo em Viana do Castelo, afirmado ter-se tratado de um “dia histórico”, porque “caiu a Catalunha portuguesa”, mostra que o objetivo dos promotores era mais do que apenas realizar uma corrida de touros.

“Viana do Castelo continuará a ser uma cidade anti-touradas, não há localização sequer para as receber”, afirmou o ex-autarca Defensor Moura, que fez aprovar em 2009 a declaração de Viana como concelho sem touradas.

O ex-autarca considerou inadmissível a instalação da arena em terrenos classificados da freguesia de Areosa, por se tratar de uma área em que “nem um agricultor pode construir um casebre para guardar os seus utensílios”.

O Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga viabilizou a tourada, ao dar cinco dias à organização para se pronunciar sobre os argumentos do município no recurso que este apresentou contra a sua realização. Na prática, esta decisão permitiu a realização da tourada, na freguesia de Areosa, apesar de a câmara insistir que a instalação da arena amovível, para 3.300 pessoas, foi feita em terrenos de "elevado valor paisagístico", numa "violação grave" do Plano Diretor Municipal (PDM), da Reserva Ecológica Nacional e do Plano de Ordenamento da Orla Costeira.

A Câmara, presidida por José Maria Costa, do PS, mantém a declaração, aprovada em reunião de câmara a 27 fevereiro de 2009, de "antitouradas", ou seja não autorizando a realização de qualquer espetáculo do género em terrenos públicos ou privados.

Não sabemos como é que vieram para aqui”

Rita Silva, presidente da Animal, associação que colaborou com a Câmara de Viana na elaboração da moção aprovada em 2009, disse que a organização já se ofereceu como testemunha na ação principal que se irá seguir à concessão pelo Tribunal de Braga da providência cautelar que permitiu a instalação da praça amovível para a realização da corrida:

“A federação decidiu 'pegar' com Viana para aborrecer porque nunca vieram para aqui. Não sabemos como é que vieram para aqui, com que meios. Há uma forte possibilidade de o terem conseguido por formas erradas. Nós vamos querer ir até ao fundo desta questão e descobrir porque é que o tribunal teve esta decisão que para além de imoral não é muito legal”, sustentou.

A Animal moveu atualmente uma ação contra a Prótoiro por difamação, coação e ofensa ao bom-nome da sua presidente, por ter distribuído uma “série de imagens” nas redes sociais com “textos com mentiras acusando-me de ser burlona e de estar a prejudicar a organização, em particular, e a causa da defesa dos animais, em geral”, disse Rita Silva.

No domingo, realizaram-se duas manifestações em Viana contra a realização da tourada – uma no centro da cidade no meio da tarde, com cerca de cem pessoas, e outra diante da arena com a participação de 300 pessoas.

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