You are here

Câmara da Amadora demole casas e despeja famílias em Santa Filomena

Nesta quinta feira, a PSP cercou e ocupou o bairro de Santa Filomena e estão a ser demolidas as casas de famílias que não têm alternativa de habitação. A demolição é imposta pela Câmara da Amadora, presidida por Joaquim Raposo e de maioria PS. Segundo o Coletivo Habita, estão em risco de ficar sem habitação 280 pessoas, das quais 104 são crianças. O Bloco de Esquerda acusou a câmara de “insensibilidade” e de tentar “passar a perna à justiça”.
Demolições no bairro de Santa Filomena (Amadora)

Às 8 horas desta quinta feira a PSP cercou o bairro de Santa Filomena, obrigou as pessoas a saírem das casas onde moravam e os serviços municipalizados da Câmara da Amadora iniciaram a demolição dessas casas. Até às 11 horas uma retroescavadora destruiu duas casas e veículos camarários transportaram os materiais para um depósito municipal.

Segundo o Habita, Coletivo pelo Direito à Habitação e à Cidade, estão em risco de ficar sem habitação 280 pessoas (83 famílias) das quais 104 são crianças. Deste universo, 79 estão sem emprego, 87 estão a estudar e 13 sofrem de invalidez permanente. Segundo o coletivo, a média dos rendimentos mensais destas famílias situa-se entre os 250 e os 300 euros.

A Câmara da Amadora, presidida por Joaquim Raposo e de maioria PS, impôs as demolições e diz que estas vão continuar até ao desmantelamento total do bairro no âmbito do Programa Especial de Realojamento (PER) e que como as famílias não estão inscritas no PER, cujo recenseamento foi feito há 19 anos, terão de encontrar "soluções alternativas" por si próprias.

De acordo com Rita Silva, do Coletivo pelo Direito à Habitação e à Cidade, a Câmara da Amadora está a proceder à demolição de habitações que estão habitadas sem dar qualquer alternativa aos moradores.

"Estes moradores não têm possibilidades financeiras para encontrar uma solução de habitação no mercado de arrendamento", disse Rita Silva à agência Lusa.

O deputado Pedro Filipe Soares do Bloco de Esquerda, que esteve no bairro de Santa Filomena nesta quinta feira, declarou à agência Lusa que desmantelar o bairro “no pico da crise demonstra insensibilidade”. “Colocar esta pressão sobre um bairro cujas famílias têm dificuldades económicas demonstra uma insensibilidade enorme. Não é no pico da crise que se diz às pessoas para saírem das suas casas”, frisou o deputado.

Pedro Filipe Soares acusou ainda a Câmara da Amadora de tentar passar “a perna à justiça” por não respeitar o período legal necessário para o tribunal responder às providências cautelares interpostas por moradores que tentaram impedir a demolição das casas.

“Tendo vários moradores apresentado providências cautelares em tribunal, e tendo o tribunal dez dias para pedir informações à câmara, enquanto decorre esse processo a autarquia tenta passar a perna à justiça, demolindo as casas”, salientou o deputado, sublinhando que o município “tem medo da justiça porque faz as demolições antes das respostas do tribunal às providências cautelares e refugia-se a dizer que não foi notificada de nada”.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Sociedade
Comentários (4)