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Aos bancos ladrões não devemos nada

O escândalo da manipulação das taxas de juro começou em Inglaterra mas alastra rapidamente. Não é só o Barclays, cujo presidente caiu em desgraça mas a tempo de abrir um "pára-quedas dourado" de 2,53 milhões de euros. RBS, HSBC, Citigroup, Deutsche Bank, JP Morgan e UBS são outras instituições financeiras na mira das investigações. Tudo indica que não se limitaram a manipular a taxa Libor, mas também a Euribor, que serve de referência aos empréstimos que os cidadãos e as empresas portuguesas contraem.
Quem pagou empréstimos ao banco nos últimos quinze anos ficou agora a saber que o juro incluiu uma sobretaxa criminosa cobrada pelo sistema financeiro. Mas quem viu os seus bens executados ou perdeu a casa por não conseguir pagar esses juros, pouco poderá fazer para ver o dinheiro de volta.
Acontece que muitos desses bancos sob suspeita de manipulação - os investigadores britânicos e norte-americanos falam numa prática generalizada e não em casos pontuais de executivos particularmente gananciosos - são detentores de parte da dívida portuguesa e cobram-nos juros incomportáveis para o crescimento da nossa economia.
Como o Bloco de Esquerda acaba de propor, a abolição parcial da dívida portuguesa aos credores estatais (a troika BCE/UE/FMI) é uma questão de sobrevivência. Mas o corte substancial na dívida detida pela banca privada que roubou o país nos últimos anos é também uma questão de decência.
A manipulação das taxas de juro foi um roubo organizado pelo conjunto do sistema financeiro que prejudicou muito as pessoas. É bom não esquecer isso da próxima vez que o Presidente e o Governo nos vierem falar da necessidade de "honrarmos os nossos compromissos com os mercados".
Comments
O que estava em jogo?
O que estava em jogo? sobretudo aparentar uma saúde dos activos dos bancos que construíam essa taxa entre eles, segundo o que eles emprestavam uns aos outros. Ou seja, a taxa LIBOR é resultante do mercado de empréstimos a curto e médio prazo inter-bancário.Isso foi sobretudo manipulado para baixo, com o objectivo de dar uma falsa ideia de confiança recíproca e portanto fazendo com que os títulos desses mesmos bancos estivessem melhor cotados de que deveriam. O raciocínio é simples: um banco que inspira confiança a outros bancos obtém juro de empréstimo interbancário mais baixo. Logo, esse banco terá melhor cotação do mercado de títulos.
E cá no burgo? Já para não
E cá no burgo? Já para não falar de má fé na interpretação de contratos para manipulação do spread contratado. Já para não falar de que de tais práticas tinha o Banco de Portugal conhecimento e nada de concreto fez. Já para não falar de que a taxa de spread diminui se tiveres cartão de crédito e te endividares mais. Já para não falar de que não hé ninguém que pareça regular os limites deste falso conceito de "risco". Já para não falar de tudo isto na primeira pessoa e do tempo e dinheiro (porque tempo ainda era dinheiro há uns anos) que perdi com isto - para nada. Aumento de spread porque alegaamente não cumprimos as condições contratuais que exigiam entre outras coisas ter cartão de crédito. O meu contrato nada diz a este respeito, o Banco de Portugal foi informado deste facto (esta estória tem talvez uns dois anos) - nada fez para além de dizer que se trata de questões comerciais (???). Para mais informação detalhada e caso tenha interesse tenho a documentação organizada.
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