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Radiação de Fukushima pode ainda ser responsável por mais de mil mortes

As piores consequências da radiação libertada durante o acidente da central nuclear de Fukushima em março de 2011, no Japão, devem ainda estar para aparecer, afirma um estudo da Universidade de Stanford. Por Fabiano Ávila e Jéssica Lipinski do Instituto CarbonoBrasil.
De acordo com os investigadores, o número de casos de cancro não letais relacionados com o acidente pode chegar a 2,5 mil, e levar a até 1,3 mil mortes.

De acordo com os investigadores, o número de casos de cancro não letais relacionados com o acidente pode chegar a 2,5 mil, e levar a até 1,3 mil mortes. “Não vai haver zero mortes. Não vai haver dezenas de milhares de mortes também, mas não é uma coisa trivial”, afirmou Mark Z. Jacobson, coautor do estudo.

Segundo ele, a maior parte dos atingidos devem ser idosos e crianças. “Não vão ser apenas os idosos a ficar doentes. Os menores são mais suscetíveis a alguns desses cancros – há a preocupação de que muitos desses casos possam ser em crianças.”

Outras estimativas, no entanto, sugerem que possa haver muitos milhares de mortes, e Jacobson admite que ainda é necessário avaliar os efeitos sob outros aspetos. “Essa incerteza é principalmente em função de três coisas: a dose de radiação recebida, onde a população estava concentrada, e descobrir exatamente a que a população estava exposta. Temos que fazer muitas estimativas diferentes para isso”, declarou.

Porém, a maior probabilidade é de que a doença atinja 180 pessoas, uma vez que é estimado que 81% da radiação teria sido dispersada no oceano. O acidente já teria provocado cerca de 600 mortes.

“De certa forma, foi um incidente de sorte por causa de onde estava a locação – apenas 19% da [radiação] ficou na terra. Poderia ter sido muito pior se os ventos tivessem soprado diferentemente. Os casos de cancro seriam até dez vezes mais frequentes se a radiação não tivesse sido absorvida pelo mar. Vários fatores meteorológicos ajudaram a evitar uma tragédia ainda maior”, disse o cientista.

Jacobson e o outro coautor, Jon Tem Hoeve, usaram dados climáticos e atmosféricos, assim como estimativas de emissões nucleares do Tratado de Interdição Completa de Ensaios Nucleares (CTBTO), para criar o modelo.

Embora quase todas as vítimas devam ser do Japão, o coautor da pesquisa reconheceu que pode haver alguns casos isolados de cancro noutros países próximos. O evento é considerado o pior desastre atómico desde Chernobyl em 1986, e Jacobson lembrou que nenhum cálculo pode expressar a extensão do acidente nuclear.

“Há muito mais sobre este assunto do que sobre o que examinamos, que foram os efeitos na saúde relacionados com o cancro. Fukushima foi um desastre muito grande em termos de contaminação do solo e da água, de deslocamento de vidas”, concluiu.

Artigo de Fabiano Ávila e Jéssica Lipinskipublicado no site do Instituto CarbonoBrasil

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