You are here
A lei das celuloses
Vinda de uma ministra que acumula as pastas da Agricultura, do Ambiente e do Ordenamento do Território, a proposta faz o pleno nas consequências negativas para todas essas áreas.
Caso o decreto-lei venha a ser aprovado, deixa de carecer de qualquer autorização a arborização e a rearborização, com alteração das espécies preexistentes, em áreas inferiores a 5 hectares e até 10 hectares, respetivamente. Ora, nas regiões Norte e Centro a estrutura fundiária florestal está centrada no minifúndio. Mesmo no Sul, mais de metade do pinheiro bravo está em propriedades de dimensão inferior a 10 hectares.
Ou seja, a plantação de espécies de crescimento rápido como o eucalipto ficaria liberalizada na maior parte do território. Nas áreas que ultrapassem aqueles limites, a autorização passaria a ser tácita volvidos 30 dias. Para as médias e grandes propriedades, a burocracia encarregar-se-ia de encontrar essa solução.
As consequências são dramáticas em termos ambientais. A diversidade da floresta diminuiria, com acrescidos riscos para os ecossistemas. O eucalipto já é a segunda espécie com maior presença na floresta, logo a seguir ao pinheiro bravo.
Para o ordenamento da floresta e do território, o incentivo descontrolado à monocultura de espécies de crescimento rápido aumentaria o risco dos fogos florestais, a eucaliptização de terras de regadio aptas para a produção agroalimentar, a separação entre agricultura e floresta e a desertificação demográfica. Tudo o que se torna necessário combater.
Na economia, trata-se de uma verdadeira ratoeira lançada pelas celuloses aos produtores e operadores florestais, com a colaboração do governo. O aumento da oferta de madeira levaria imediatamente a indústria a baixar os preços à produção. Aquilo que pode ser visto pelo pequeno produtor florestal como uma possibilidade de maior rendimento pela ampliação da área arborizada com eucalipto, vai acabar por redundar no esmagamento das margens de comercialização em benefício dos lucros dos grupos da celulose.
Até agora, os industriais pediam ao Governo para autorizar o alargamento da mancha de eucalipto o que, em geral, vinha a ser concedido. Porém, a partir da aprovação do decreto-lei nem precisam de pedir. A desregulação beneficia-os. Quando o preço da madeira baixar, os produtores florestais não terão recursos para a reconversão. O destino dessas parcelas será o abandono ou a sua entrega às explorações florestais das próprias empresas da celulose.
A floresta portuguesa constitui uma grande riqueza estratégica nacional. É inegável a sua importância económica e não menos importante a manutenção de ecossistemas florestais. A sua entrega à cupidez do lucro e ao mercado levará à destruição da floresta complexa e saudável. Este é o destino que o Governo lhe está a traçar, contra a economia da floresta, o ambiente e o interesse público.
Comments
Estas leis deviam de estar
Estas leis deviam de estar sob consulta pública para serem aprovadas, devia-se fazer um referendo. Vai destruir o país, pois como o eucalipto e outras espécies autralianas são de rápido crescimento e altamente inflamáveis, iremos ter imensos incêndios e solos muito pobres, que logo não se poderá plantar nesses solos e as espécies que dependem de certas espécies vegetais irão morrer ou migrar e nós também dependemos da floresta para tudo. Portugal tornar-se-á um deserto. Temo muito pela destruição do meu país. Não iremos ter nada para sobrevivermos, nós e os outros animais. Porquê que existem pessoas tão pérfidas e ignorantes neste país? Porque não respeitamos e tiramos bom proveito da floresta como a França, os países nórdicos ou a Aústria. É vergonhoso a maneira como tratamos a floresta e o futuro da existência dos seres deste planeta.
Gostaria de saber se algo está a ser feito para evitar esta lei, como manifestações ou petições.
Cumprimentos
tem toda a razão Felipa..em
tem toda a razão Felipa..em tudo inclusivé na igno^^ancia de algumas pessoas acerca das vantagens e desvantagens do eucalipto...na zona onde vivo atualmente,,arganil,é só olhar os eucaliptais abandonados à espera q milhoes de paus escanzelados rodeados de cascas podres rendam algum dinheiro para logo os solos ficarem repletos de matéria prima para estrategicamente fazerem arder milhares e milhares de hectares de floresta..já é tempo de se acabar com este estado de coisas que afligem as populações..e martirizam o ambiente e a natureza.
porque nao plantar
porque nao plantar eucaliptos?? ao crescer rapidamente é otimo para quem tem uma salamandra em casa e requer um aquecimento rapido e barato... ou preferem importar mais combustiveis??..... nem toda a terra presta para a plantaçao.. o pinho é bonito, mas nem pa queimar nem tar 50 anos a espera, acaba por passar um fogo, n se aproveita nada, dai haver muitas matas ao abandono.. o eucalipto n deixa criar tanto mato e é de facil corte rebentando novamente dando 3 cortes ou mais...assim da pa poupar mt mais...
...era tão bom se fossemos um
...era tão bom se fossemos um país normal...
só silvicultura acaba como todos sabemos-com um mega incendio.
devia haver a caridade de fazer um plano que incluisse agropecuaria,subericultura,silvicultura,bio alcool,biodieses,horticultura.
que bom para todos,para os desempregados,para os proprietários,para o país.
...outra opinião ... sou
...outra opinião ...
sou proprietário florestal,de longa data.tenho assistido à falencia sistemática de todos os agricultores e abandono de todas as qualiades de actividade agrícula.
o que a agricultura precisa é de firmas,à semelhança da silvicultura industrial,que se relacionem com os proprietários,que tenham capacidade instalada para arrancar em força com tudo com um biodiesel,um bioalcool,agropecuaria,subericultura,horto fruticiultura,enfim,produção emergética e alimentar.os alimentos são um bem que devidadmente colocados no mercado serão sempre vendidos.alimnetos de qualidade.saibamos aproveitar então a globalizaão.
mas só firmas com capacidade de escala.os agricultores isolados já não existem,foram extintos pelos acontecimentos.
melhor exemplo é a "casa agrícola" que herdei,que teve há 100 anos 80 trabalhadores e que agora só produz eucaliptos
Politicamente e do ponto de
Politicamente e do ponto de vista económico-social, tal como o texto está orientado, o Pedro está correcto e concordo na íntegra. Contudo, um dirigente não pode escrever ou dizer coisas incorrectas, por poucas que sejam, tendo obrigação de estar suficientemente bem informado: "O eucalipto já é a segunda espécie com maior presença na floresta, logo a seguir ao pinheiro bravo" (o IFN6 mostra que desde praticamente 2006 o eucalipto já é a primeira espécie e o pinheiro-bravo a terceira!); " a eucaliptização de terras de regadio aptas para a produção agroalimentar," (isto é raro acontecer; ninguém faz isso; ninguém, um proprietário ou agricultor é suficiente burro para o fazer).
Do mesmo modo, quando da abordagem dos problemas ecológicos colocados pelo eucaliptal, outros dirigentes do BE dizem de vez em quando algumas calinadas, algumas graves neste capítulo. Não podem! São dirigentes. Na pior das hipóteses desinformam. Noutra, com argumentos que do ponto de vista científico e técnico não colhem, não marcam pontos e não levam água ao moinho.
Sou contra a liberalização do plantio do eucalipto, tanto por razões socioeconómicas como ecológicas. Voto para que a nova legislação não passe, pois ela apenas vai instituir aquilo que desde há mais de uma década se vem passando silenciosamente sem que exista fiscalização ou esta actue. Assim vem acontecendo no nosso país, em particular na região centro, onde os pequenos proprietários vão paulatinamente enchendo as serras com eucalipto, contínuo ou quase, muitos desconhecendo a legislação e os impactes, e apenas na mira de obterem um pouco de rendimento mais, onde antes um pinhal esteve e ardeu.
Peço desculpa ao Pedro
Peço desculpa ao Pedro Soares, pois verifiquei que o seu texto é bem anterior à data da publicação do IFN6. Queiram retirar o meu comentário, sff.
Saudações
Add new comment