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"O caminho da falência só pode provocar a falência", diz Louçã

Num almoço/convívio na Lagoa de Óbidos, integrado nas Jornadas Contra a Troika, Francisco Louçã lembrou que o Governo não tem razões para estar surpreendido com o resultado de um ano das políticas da troika. "O Bloco de Esquerda tinha razão quando insistiu que o caminho da troika era o caminho da falência", sublinhou o coordenador bloquista.
Francisco Louçã intervém no almoço das Jornadas Contra a Troika na Lagoa de Óbidos. Foto Catarina Oliveira.

O convívio juntou dezenas de pessoas no parque de merendas da Lagoa de Óbidos, onde Francisco Louçã fez o balanço do primeiro ano de Governo e de implementação do memorando da troika. "O Governo baseou-se numa enorme mentira, a de que a austeridade cura. A austeridade destrói, a austeridade desemprega, a austeridade aumenta a dívida, a austeridade ataca as pessoas. E enquanto a austeridade continua a criar desemprego, o Governo persiste na política da bancarrota", acusou o dirigente bloquista.
 
"De austeridade em austeridade, há das conclusões que se impõem aos portugueses: uma, é que a economia fica muito pior; e e segundo lugar, a dívida fica maior. Um ano depois da troika, Portugal está hoje muito mais próximo da falência e muitas pessoas já têm de entregar a casa, já não têm salário nem apoio no desemprego, não têm respostas sociais e custa mais a saúde e há mais dificuldade na escola", prosseguiu Louçã. Recordando a campanha eleitoral de há um ano atrás, concluiu que "o Bloco de Esquerda tinha razão quando insistiu que o caminho da troika era o caminho da falência".

"Há um ano atrás nós avisámos o Governo que esta política iria provocar o que está a acontecer: menos receitas de impostos porque a economia está mais pequena e mais desemprego. Mas quando dizíamos isso, chamavam-nos alarmistas. Agora que há mais desemprego, o Governo responde 'Ah! Que surpresa!'. Caíram as receitas fiscais porque as pessoas não têm dinheiro, não têm salários, diz o Governo 'Ah! Que surpresa!'", acrescentou o coordenador do Bloco, para quem "Portugal vive uma imensa mentira. Com a mentira do aumento dos impostos e a mentira da austeridade, a dívida é muito maior".

Mas se o Governo foi o principal alvo das críticas, o PS não ficou de fora. Questionado sobre a proposta do PS de haver maior intervenção do Banco Central Europeu, que o Bloco já propunha no programa eleitoral de há um ano atrás, Louçã recordou que "o PS aprovou o Tratado Orçamental que prevê que não possa haver Segurança Social, escola pública e saúde pública sempre que houver uma recessão. Não se pode querer uma política de terra queimada, como Merkel quer, e que o PS aprovou infelizmente, contra o nosso aviso, e depois vir dizer que essa política desgraça o país. É preciso coerência e sair das meias palavras. O PS devia ver com muita atenção o que se passou com os socialistas na Grécia: perderam o seu eleitorado, desapareceram politicamente e continuam amarrados a um governo da troika" após a eleição de 17 de junho.

Louçã apontou ainda o consenso do bloco central sobre o rumo austeritário da União Europeia como um dos maiores problemas do país. "O PS e o PSD estiveram de acordo com o Tratado que que criou o Diretório, com o Tratado Orçamental que proíbe a política económica contra a recessão e com o Memorando da troika que promove a facilidade nos despedimentos e portanto cria desemprego. O grande problema do país é que o PS e o PSD estiveram de acordo nas questões mais importantes e é por isso que não há resposta para Portugal na União Europeia".

As alternativas a este rumo, no entender do dirigente bloquista, passam por "recuperar na nossa economia uma política de emprego, de justiça, de combate à desigualdade e só assim poderemos ter uma perspetiva para o futuro". "Precisamos de uma esquerda que entenda o que se está a passar na Grécia: o povo precisa de responder. E só quando o povo trouxer uma democracia de responsabilidade é que nós conseguimos impedir estas soluções da troika que Angela Merkel tem imposto em toda a Europa, porque isso é o fim da Europa, é o fim do euro e é a falência de Portugal".

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