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Rio+20: Relatório denuncia fracasso do modelo europeu de comércio de emissões

"O comércio de carbono não consegue eliminar progressivamente os combustíveis fósseis nem põe em causa o modelo de sobreprodução destrutiva ou o modelo de consumo que está no coração das economias dos países industrializados", defende Ricardo Coelho, o autor do relatório apresentado esta quinta-feira pela Carbon Trade Watch (CTW).
"Ao desviar recursos para onde é mais barato reduzir emissões, o comércio de carbono dá prioridade a soluções de fim-de-linha em detrimento de políticas mais justas e ambiciosas, e de facto piora a crise climática e ambiental", prossegue o economista e colaborador do esquerda.net.
O sistema europeu de comércio de emissões de carbono é o maior mercado de carbono do mundo. Este relatório sublinha que a próxima fase, com início no próximo ano, irá prosseguir o mesmo padrão de subsidiar os poluidores (incluindo as companhias aéreas) num sistema completamente integrado nos mercados financeiros que são os responsáveis pela crise que se vive na Europa.
O relatório defende que o abandono do sistema europeu de comércio de emissões de carbono "não implica uma desistência das políticas para enfrentar a crise climática". Pelo contrário, "insistir em 'arranjar' um sistema que desde o início não funciona só desvia as atenções e os recursos das políticas necessárias", que hoje são bloqueadas pela existência do sistema. E avisa que a exportação deste fracasso para outros países só prejudicará a cooperação com o resto do mundo.
"As comunidades e os movimentos pela justiça climática em todo o mundo continuam a apresentar ideias e propostas concretas para abordar as alterações climáticas. Ao demonstrar como o comércio de carbono está a falhar, este relatório contribui para alargar o espaço para discuti-las e implementá-las", conclui o relatório da CTW.
Sobre a cimeira Rio+20, Joanna Cabello, ativista da CTW, afirmou que se trata de "uma cortina de fumo para os grandes poluidores" e voltou a denunciar a tentativa da União Europeia de usar a cimeira como montra do seu sistema de comércio de emissões para o resto do mundo. "A UE continua a usar os mercados de carbono para transferir os seus compromissos ambientais para os países em desenvolvimento no Sul", acusou Joana Cabello.
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