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Trabalhadoras da Vestus exigem indemnizações, que esperam há 10 anos

Cerca de 150 trabalhadoras da fábrica de confeções Vestus concentraram-se neste sábado, para exigir as indemnizações que esperam há 10 anos, desde que a empresa encerrou. Ao esquerda.net, Elísia Godinho, ex-trabalhadora da fábrica, declarou: “Não vamos desistir. Se em breve não pagarem as nossas indemnizações, vamos concentrar-nos no Tribunal do Comércio”.
150 trabalhadoras da fábrica de confeções Vestus concentraram-se neste sábado, para exigir as indemnizações que esperam há 10 anos, desde que a empresa encerrou.

Em junho de 2002, a fábrica de confeções Vestus, localizada em Santa Marta de Corroios no concelho do Seixal, encerrou, lançando no desemprego 414 trabalhadoras, na esmagadora maioria mulheres.

Depois de encerrada a fábrica, um grupo de trabalhadoras concentrou-se dia e noite à porta das instalações para evitar que os bens da empresa desaparecessem, o que conseguiram. Na altura, constituíram mesmo a associação Sobreiro 19, para lutar pelo seu direito à indemnização.

Passados dez anos, as indemnizações ainda não foram pagas. O processo arrasta-se pelo Tribunal de Comércio sem que seja tomada uma decisão final, que garanta as indemnizações(ou parte delas) às trabalhadoras.

Nestes 10 anos, muitas trabalhadoras atravessaram grandes dificuldades, algumas nunca mais conseguiram emprego, porque são “novas para a reforma, mas velhas para trabalhar”. Outras morreram sem nunca receberem as indemnizações a que tinham direito.

Com o agravamento da crise nos últimos anos, as dificuldades aumentaram, há trabalhadoras que voltaram a ficar desempregadas, outras que viram os companheiros perder os empregos.

À agência Lusa, Deolinda Maia antiga trabalhadora da Vestus realça: "Existem pessoas que não têm emprego e que precisam de pagar creches, casas e contas. São situações desesperantes".

Depois do encerramento da fábrica, a venda das instalações da empresa e do recheio rendeu cerca de três milhões de euros, as trabalhadoras receberam até hoje apenas cerca de 6.000 euros cada uma, do fundo de garantia salarial. O produto da venda das instalações e do recheio não chegará para pagar o total das indemnizações a que tinham direito, mas parte dessa indemnização já poderia e deveria ter sido paga. Porém, o processo continua a arrastar-se sem que se consiga perceber porque é que o tribunal não decide.

Deolinda Maia diz à Lusa: "O processo está no Tribunal do Comércio. Já lá fui várias vezes, a última das quais na segunda-feira, e disseram-me que o processo estava na mesa da juíza há um ano para assinar e dar despacho às indemnizações a que temos direito". Elísia Godinho pergunta: “Será que lhe faltou a tinta na caneta?” (ver reportagem na RTP1)

A concentração deste sábado, junto ás antigas instalações da empresa, juntou cerca de 150 trabalhadoras e visou “chamar a atenção de quem está a tratar do assunto” que dez anos é muito tempo e que as trabalhadoras não vão deixar de lutar por aquilo a que têm direito, pelas suas indemnizações. Como a jornalista da RTP salientou na reportagem, “a concentração serviu para exigir as indemnizações, mas também para reavivar os afetos”.

Se não houver decisão em breve, irão realizar um protesto junto ao Tribunal do Comércio.

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