You are here

Ministro admite ter contribuído para baixar dádivas de sangue

O fim da isenção das taxas moderadoras para os dadores de sangue foi um dos motivos que levaram à quebra das dádivas nos últimos meses. Paulo Macedo admitiu-o pela primeira vez, mas continua a insistir em manter na lei o erro que revoltou os dadores e levou o Bloco a chamar ao parlamento o responsável pelo Instituto Português do Sangue e Transplantação.
Paulo Macedo insiste em cortar isenção a dadores e põe em risco reservas de sangue em Portugal. Foto PSD/Flickr

Na cerimónia do Dia Nacional do Sangue, esta terça-feira em Lisboa, vários representantes de Associações acusaram o Governo de estar a promover a redução das dádivas de sangue, com o fim da isenção das taxas moderadoras para os dadores. Hermegildo Alves, presidente da Associação de Dadores de Sangue de Setúbal, presente no encontro, disse à Agência Lusa que "os dadores sentem-se revoltados com a perda de isenção" e que esta revolta "levou certamente os dadores a não doarem sangue".

Confrontado com as críticas dos dadores de sangue, Paulo Macedo disse que haveria "várias razões" para esta quebra acentuada das dádivas. "Obviamente que a perda de isenção das taxas moderadoras na parte hospitalar poderá ter contribuído para alguma redução", reconheceu o ministro pela primeira vez. Mas quando os jornalistas lhe perguntaram o que ia fazer para repor a isenção, Macedo respondeu que não vai andar a rever a legislação todos os meses e especificou que está disposto a "aprender com os factos", mas nunca antes de "um período de tempo suficientemente longo".

Ainda há pouco mais de um mês, na inauguração da unidade de saúde da Tapada das Mercês, em Sintra, Paulo Macedo negava que o fim da isenção fosse uma causa para a redução crescente das dádivas de sangue.  Resta agora saber durante quanto mais tempo é que o ministro estará disposto a insistir num erro que em breve poderá colocar  em risco as reservas de sangue em Portugal.  

No início de março, o Bloco de Esquerda propôs quatro medidas para contrariar a diminuição das colheitas de sangue registada em 2011 comparativamente a 2010 e que se acentuou este ano. Só nos dois primeiros meses do ano foram colhidas nos três centros regionais menos cerca de sete mil unidades de sangue do que no ano passado, uma redução de 18,3%.

Para além da reposição da isenção aos dadores, o Bloco propôs a realização de campanhas e o alargamento de postos de colheita, de brigadas móveis, e de sessões de colheita, aproveitando os fins de semana e os horários pós-laborais, bem como uma auditoria ao antigo Instituto Português do Sangue e a atribuição de mais recursos ao Instituto Português de Sangue e da Transplantação.
 

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Política
(...)