You are here
Acionista das Águas de Barcelos "ganha", sem concurso público, 8 municípios de Aveiro

No novo contrato foram introduzidas cláusulas semelhantes às de Barcelos que garantem o lucro ao privado, independentemente do serviço e da procura. Ao mesmo tempo o contrato dita aumentos no preço do abastecimento que podem chegar aos 50%. O investimento continuará a ser público.
A associação de Municípios do Carvoeiro – Vouga capta água para Águeda, Albergaria-a-Velha, Aveiro, Estarreja, Ílhavo e Murtosa e ainda para uma freguesia de Ovar. Neste novo contrato vão-se juntar também Vagos e Oliveira do Bairro. Criada em 1986 com fundos públicos, prorrogou, sem concurso público, a concessão às Águas do Vouga SA, cuja totalidade do capital pertence à empresa Aquapor Serviços. A Aquapor e as Águas de Barcelos estão unidas pelo seu acionista comum, o Grupo Alexandre Barbosa Borges. O Bloco de Esquerda opõe-se ao negócio que envolve autarquias lideradas pelo PSD, CDS e PS, acusando de “falta de transparência no negócio” e considera que “o contrato contém cláusulas leoninas que favorecem os interesses do privado, colocam em causa o acesso universal das populações ao abastecimento de água e que podem mesmo levar à falência dos municípios envolvidos”. O Bloco de Esquerda rejeita ainda a privatização da captação de água.
Lucro garantido sem risco
A concessão para a captação das águas foi prorrogada por mais dez anos sem que tenha havido qualquer concurso público. O novo contrato obriga as autarquias ao pagamento de caudais mínimos, independentemente dos mesmos serem necessários ou não ou de serem cumpridos. A cada ano que passa, os caudais mínimos a pagar aumentam. Se em 2012 se fica pelos 9,96 milhões de metros cúbicos, em apenas quatro anos aumenta 40% para 13,99 milhões de metros cúbicos. Assim, não só as políticas de poupança de água são desencorajadas como, na eventualidade de o consumo não acompanhar os caudais negociados, as autarquias são obrigadas a pagar o diferencial à semelhança do que está a ser exigido à Câmara Municipal de Barcelos, onde a empresa de águas exige 172 milhões de euros por água que não vendeu e ninguém consumiu.
Se as autarquias consumirem água acima dos caudais estabelecidos no contrato pagam. Se consumirem menos água que o estabelecido pagam na mesma a diferença. Negócio sem risco, lucro garantido à custa das populações é o que diz a cláusula de ouro: “1.3 – A CONCEDENTE garante à CONCESSIONÁRIA o pagamento dos caudais mínimos fixados no ANEXO 2, sem prejuízo do pagamento de todos os caudais verificados cujo valor ultrapasse esses mínimos e independentemente da execução do PLANO DE INVESTIMENTOS DE EXPANSÃO DO SISTEMA”.
O investimento mantém-se público, aumentos de 50% para a população
A empresa explora infraestruturas construídas e adquiridas por fundos públicos. Apesar de agora serem capitais privados, o investimento continuará a ser suportado por dinheiros públicos. A título de exemplo, o próximo investimento de modernização terá um custo total de 30,4 milhões de euros. Desses, 16,84 milhões provém de fundos públicos europeus (POVT) e o restante será suportado por adiantamentos dos vários municípios à concessionária. Justificando-se com este financiamento, a associação de municípios já anunciou um novo aumento das tarifas de abastecimento da AdRA (Águas da Região de Aveiro, que engloba dez municípios) de 4,6%. O contrato estipula que nos próximos sete anos o aumenta até 50%.
Os lucros do privado apresentam-se em várias formas: fatura de abastecimento paga pela população, não inversão em infraestruturas, e uma cláusula que obriga ao pagamento de caudais mínimos mesmo que estes não sejam nem necessários nem consumidos.
Artigo publicado no site do Bloco de Aveiro
Comments
Bom negócio Se não consomes
Bom negócio
Se não consomes pagas.
Se consomes pagas.
Depois pagas e pagas e pagas e pagas, é como cá...
Add new comment