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Centros de emprego sobrelotados e sem capacidade de resposta

Ainda que o número de pessoas inscritas nos centros de emprego tenha registado uma subida exponencial, aumentando, em janeiro de 2012, 14,4 por cento relativamente ao período homólogo e 5,4 por cento face ao mês anterior, o número de funcionários destes centros tem diminuído.
Foto de Paulete Matos.

Segundo os dados divulgados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número de inscritos a cargo de cada funcionário dos centros de emprego aumentou 46 por cento desde 2008. Há quatro anos atrás, o IEFP dispunha de 4170 técnicos de emprego, ao passo que, no final de 2011, esse número era de 4099.

O número de pessoas inscritas nos centros de empregos tem vindo, por sua vez, a registar a tendência oposta. De acordo com o IEFP, no final de 2011, estavam inscritos nos centros de emprego de Portugal 605.134 indivíduos, contra os 416.005, registados em 2008.

Em janeiro de 2012, esse número aumentou 14,4 por cento relativamente ao mês homólogo de 2011, e 5,4 por cento face ao mês anterior. De acordo com os últimos dados divulgados pelo IEFP, em janeiro estavam inscritas nos centros de emprego em Portugal 637.662 pessoas.

O crescimento exponencial do número de desempregados e o número insuficiente de funcionários dos centros de emprego, a par da inexistência de uma verdadeira política de acompanhamento e de proximidade, estão a traduzir-se na sobrecarga dos serviços, que se regista especificamente nos serviços do continente.

Os desempregados esperam horas à porta de muitos centros de emprego, chegando mesmo a pernoitar neste espaço, sem terem sequer a certeza de que chegarão a ser atendidos. Tal acontece, nomeadamente, no Centro de Emprego de Portimão, onde se encontram inscritos os desempregados dos concelhos de Portimão, Silves, Monchique e Lagoa, e que se insere na região com a maior taxa de desemprego registada no quarto trimestre de 2011 – 17,5% - e com a segunda maior taxa de desemprego jovem – 41,1%.

No Centro de Emprego da Amadora, a fila começa a adensar-se cerca das cinco da manhã, sendo que várias pessoas que se dirigem diariamente a estes serviços acabam, muitas vezes, por não ser atendidas.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores do IEFP, Godinho Soares, reconheceu a necessidade de “mais técnicos preparados para lidar com as consequências da crise na área do emprego e da formação profissional” e admitiu duvidar que “a anunciada reconversão de cerca de 150 atuais dirigentes e chefias em gestores de carreira tenha peso suficiente para responder às necessidades”.

Godinho Soares defendeu a urgência de “alargar o recrutamento à restante Administração Pública” e lamentou o atraso “da adoção de iniciativas concretas e expeditas nesse sentido, por parte dos responsáveis” e do Governo.


 

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