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Relvas critica autarquias e abre guerra ao Carnaval 2013

O ministro Miguel Relvas anunciou que em 2013 o governo voltará a impedir a tolerância de ponto no Carnaval. Os autarcas acusam Relvas de estar a criar "uma guerra" após a resposta esmagadora que o país deu ao Governo na passada terça-feira e não gostaram de ouvir o ministro relacionar as dívidas dos municípios com o Carnaval.
O povo desobedeceu ao Governo e veio festejar o Carnaval na rua. Miguel Relvas não gostou. Foto inlisbon/Flickr

Em declarações à TVI24, o ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares mostrou-se desagradado com a resposta popular à decisão do governo de tentar impedir a habitual tolerância de ponto nos organismos públicos em dia de Carnaval. Dois terços das autarquias portuguesas autorizaram os funcionários a não irem trabalhar nesse dia, um conselho seguido por mais de 50 executivos liderados pelo PSD, segundo o jornal Público.

“Não passa pela cabeça de ninguém que um Governo, que é um Governo que tem coerência, que tem uma linha orientadora e um denominador comum andasse a saltitar de ano para ano. Naturalmente que a decisão deste ano se repetirá”, afirmou Relvas nessa entrevista em que tentou estabelecer uma ligação entre as dívidas das autarquias e a tolerância de ponto no Carnaval, criticando os municípios que têm "milhões de euros em dívidas" e dão folga aos funcionários.

As palavras do ministro foram mal recebidas pelos responsáveis autárquicos nos concelhos com fortes tradições de Carnaval, como Loulé, Torres Vedras e Ovar. Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara torreense Carlos Miguel acusou o ministro de “falta de ponderação” nas declarações que fez, e de estar a criar “uma guerra” em torno da tolerância de ponto no carnaval com a qual ninguém ganha.

“O senhor ministro deu a entender que esta era uma afronta ao Governo, não o foi. É a preservação de um hábito, de um costume, de uma tradição que tem muito relevo para a economia local”, acrescentou o autarca de Torres Vedras.

Sobre o contributo das autarquias para a produtividade, em nome da qual o Governo mandou acabar com a tolerância de ponto, Carlos Miguel lembra Miguel Relvas que  “as autarquias não contribuem para o PIB nacional nem produzem”. “Uma tolerância de ponto de uma Câmara Municipal diminui a despesa da Câmara. Não há nenhum agravamento das dívidas por ter havido tolerância de ponto, muito pelo contrário. Há menos despesa ao final do mês”, explica o autarca.

Opinião semelhante tem o autarca de Loulé, Seruca Emídio, que diz que a tolerância de ponto “não tem nada a ver com dívidas das autarquias, pelo contrário”, servindo de estímulo à economia local. Já Manuel Alves Oliveira, que preside à Câmara de Ovar, prefere destacar que este foi um dos melhores Carnavais para o município, apesar de se realizar em dia de greve da CP. Quanto à tolerância de ponto para 2013, o autarca ovarense diz que a Câmara tem neste momento outras prioridades.

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