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Milhares regressaram às ruas de Valência

Mais de dez mil estudantes, pais e professores manifestaram-se nas ruas de Valência atrás duma faixa dizendo "Somos o povo, não o inimigo". Aumenta a pressão para que a delegada do Governo e o chefe da polícia se demitam e sejam apuradas responsabilidades pela brutalidade da polícia no protesto estudantil.
"Somos o povo, não o inimigo", respondem os estudantes de Valência em defesa da escola pública.

Depois de na terça-feira o protesto contra a violência policial e os cortes na educação ter alastrado a 50 cidades do estado espanhol, pelo terceiro dia consecutivo as ruas de Valência encheram-se de gente. Mais de dez mil pessoas voltaram a exigir a demissão de Paula Sánchez de León, a delegada do Governo do PP em Valência, o apuramento de responsabilidades e a retirada de acusações aos 41 jovens presos na última semana na sequência de cargas policiais sobre os protestos.

A faixa que abriu o cortejo faz referência a uma frase do chefe da Polícia Nacional em Valência, Antonio Moreno, numa conferência de imprensa no início da semana. Perguntado sobre a dimensão do dispositivo policial para enfrentar a manifestação de terça-feira, Moreno recusou, alegando "não querer dar armas ao inimigo".

O diário El País revela que Antonio Moreno, cuja demissão foi outra das palavras de ordem mais ouvidas na manifestação desta quarta-feira, foi um infiltrado nos movimentos estudantis durante o franquismo, integrando o grupo de estudantes da Brigada Político-Social. A proximidade do responsável policial ao líder do grupo de extrema-direita España 2000, que controla uma empresa de segurança privada e dirige a maior associação de proxenetas espanhóis, também tem sido assinalada nos meios estudantis. Um porta-voz da escola Lluis Vives, à frente da qual se manifestavam os alunos espancados pela polícia no dia 15, revelou ter recebido ameaças graves em nome do España 2000 contra pais, professores e alunos, se insistirem em manifestar-se.

Mas quem esteve na manifestação não dá sinais de desânimo e explica as razões deste protesto reprimido: "Não temos material, as janelas partem-se e não são arranjadas, o tecto cai aos bocados, não há dinheiro para fotocópias e as baixas dos professores demoram meses a serem cobertas", disse ao jornal espanhol Publico um estudante valenciano de 15 anos, enquanto a companheira do lado reclamava "igualdade de oportunidades com os da escola privada e da convencionada".

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