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Parlamento grego vota mais austeridade sob ameaça de Berlim

Este domingo, pela noite fora, os deputados gregos votam mais medidas de austeridade exigidas pela troika para desbloquear o novo empréstimo. A maioria parece assegurada, apesar das dissidências nos partidos que apoiam o governo. Da Alemanha chegou o aviso: ou há um compromisso escrito dos partidos com as medidas, ou a Grécia terá de referendar a continuidade no euro.
Manifestante em frente ao Parlamento grego durante a manifestação deste sábado. Foto Alexandros Vlachos/EPA

No sábado, era já conhecida a oposição de mais de dez deputados do PASOK, que se tem afundado nas sondagens nos últimos meses, e mesmo da Nova Democracia, incluindo o líder parlamentar e os deputados responsáveis pelos assuntos da Defesa e do Interior. A extrema-direita do LAOS, que retirou o apoio ao Governo de Lucas Papademos, também votará contra, à exceção dos seus antigos ministros.

À esquerda do Governo, Syriza e KKE também votarão contra. Alex Tsipras, do Syriza, disse no sábado aos jornalistas que a rejeição deste acordo de empréstimo "que afundará o povo na miséria" é um "ato de  responsabilidade nacional". O dirigente da esquerda grega apelou aos gregos para "tomarem o destino nas mãos e impedirem a dissolução da democracia no país que a viu nascer".

No sábado houve o segundo dia de greve geral nos sectores público e privado, com as manifestações a juntarem milhares de pessoas. O memorando proposto pela troika tem 350 páginas e prevê o corte de 22% no salário mínimo - e de 32% para os jovens -, cortes de 300 milhões por ano nas pensões, despedimento de 15 mil funcionários públicos e cortes na saúde e gastos sociais.

Entretanto, o ministro alemão das Finanças, que esta semana foi apanhado pelas tv's a exprimir pouca confiança nas promessas dos políticos gregos numa conversa com Vítor Gaspar, fez saber junto do Eurogrupo que "ou os partidos gregos se comprometem por escrito ou o próximo passo é o referendo", segundo relataram fontes presentes na reunião ao diário El País. Wolfgang Schäuble usou um tom duro e ameaçador com o homólogo grego Evangelos Venizelos, que reclamava luz verde para o empréstimo, depois do acordo alcançado com os credores privados para a reestruturação da dívida grega, sobretudo bancos alemães e franceses, que acabaram por passar esse risco para o Banco Central Europeu.

"Não podemos viver com um sistema de trabalho que consiste em promessas que se repetem, repetem e repetem e uma implementação tão fraca", disse o presidente do Eurogrupo Jean Claude Juncker. Mas com um governo frágil e eleições na primavera em Atenas, os alemães têm razões de sobra para temer o incumprimento. O que têm para oferecer aos gregos em troca de 130 mil milhões são mais anos de crise e recessão, com a mesma receita que tem arrasado o país nos últimos anos.
 

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